Mais de 300 pessoas morreram na Ucrânia por causa de bombas de fragmentação

Relatório de uma rede activista mostra que número de vítimas deste tipo de armamento aumentou exponencialmente após a invasão russa da Ucrânia.

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Sapador ucraniano recupera fragmentos não detonados de uma bomba de fragmentação na região de Kiev, em Abril de 2022 REUTERS/Mykola Tymchenko
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Mais de mil pessoas morreram ou ficaram feridas pela detonação de bombas de fragmentação no ano passado, a esmagadora maioria das quais na Ucrânia, de acordo com um relatório anual de uma rede activista. O número de vítimas é oito vezes mais elevado do que o que tinha sido contabilizado no ano anterior.

O recurso às chamadas bombas “sujas” durante a invasão russa da Ucrânia fez disparar o número de pessoas atingidas por este tipo de explosivo. Em todo o mundo, foram identificadas 1172 vítimas de bombas de fragmentação, entre as quais 352 morreram, quase todas na Ucrânia. As restantes ficaram feridas, geralmente com membros amputados, áreas de pele com elevados níveis de queimaduras e a necessitar de cuidados médicos durante toda a vida.

As vítimas eram quase todas civis e dois terços eram crianças, segundo o relatório.

“É inescrupuloso que civis continuem a morrer e a ficar feridos por causa de munições de fragmentação, 15 anos depois destas armas terem sido proibidas”, disse a directora de campanhas da Divisão de Armamento da Human Rights Watch, Mary Wareham, numa conferência de imprensa em Genebra, citada pela Reuters.

O pior ataque que envolveu a utilização de munições de fragmentação na Ucrânia ocorreu em Abril do ano passado contra a estação da cidade de Kramatorsk, no Leste do país, em que 53 pessoas morreram e 135 ficaram feridas.

Desde 2008 que mais de cem países assinaram uma convenção que proíbe a utilização deste tipo de armas, considerado extremamente violento, sobretudo para as populações civis em contexto de guerra. Assim que estas bombas explodem, centenas de pequenos fragmentos também explosivos são espalhados em áreas geralmente muito extensas.

Frequentemente estes fragmentos não explodem de imediato ao contactar com o terreno, permanecendo por vezes anos até que alguém lhes toca inadvertidamente, o que causa lesões muito graves ou até a morte.

Segundo o relatório anual da Cluster Munitions Coalition, uma rede de organizações que lutam pela proibição total das munições de fragmentação, nunca tinham sido registadas tantas vítimas deste tipo de arma desde 2008. Os autores do documento dizem que a Rússia tem usado bombas sujas “repetidamente” na Ucrânia, embora as forças de Kiev também as tenham utilizado, embora “em menor extensão”.

No início de Julho, os EUA anunciaram que iriam começar a fornecer bombas de fragmentação ao Exército ucraniano, contrariando a opinião dominante entre os restantes aliados da NATO. Washington defendeu a decisão, dizendo que é fundamental para suprir a falta de munições convencionais da Ucrânia e que as munições fornecidas acarretam menos riscos para a população civil que a que é usada pela Rússia.

Tanto os EUA como a Rússia e a Ucrânia não assinaram a convenção internacional que proíbe a utilização de munições de fragmentação.

Além da Ucrânia, é na Síria que continuam a ser registadas vítimas deste tipo de armamento. Apesar de a guerra civil ter diminuído de intensidade nos últimos anos, os fragmentos explosivos no terreno continuam a detonar mesmo anos depois de serem lançados, diz o relatório.

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