Dois sismos de magnitude próxima de 4 registados em menos de dez horas no Algarve
O abalo foi sentido com intensidade máxima III (considerada fraca, na escala de Mercalli modificada) em Albufeira.
A região do Algarve registou dois sismos em menos de dez horas nesta terça-feira, revelam os registos da rede sísmica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Depois do terramoto de magnitude 3,9 na escala de Richter registado nesta madrugada, houve um segundo abalo às 11h17 desta terça-feira, com epicentro a cerca de 50 quilómetros de Olhão.
O primeiro sismo foi registado pelas 1h49 e teve o seu epicentro a 98 quilómetros a sul-sudoeste de Faro, referiu o IPMA em comunicado. O abalo “foi sentido com intensidade máxima III (escala de Mercalli modificada) na região de Albufeira”, acrescentou o instituto. O segundo sismo teve intensidade máxima III/IV nos concelhos de Faro, Loulé e Olhão.
A escala de Mercalli Modificada mede os “graus de intensidade e respectiva descrição”. Quando há uma intensidade III, considerada fraca, o abalo é “sentido dentro de casa” e “os objectos pendentes baloiçam”, sentindo-se uma “vibração semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados”, revela o IPMA na sua página da Internet.
A intensidade IV dessa mesma escala é considerada moderada. Nesses casos, “vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados ou à sensação de pancada de uma bola pesada nas paredes”, descreve o IPMA. “Os objectos suspensos baloiçam”, os “carros estacionados balançam”; e as “janelas, portas e loiças tremem”. Além disso, “os vidros e loiças chocam ou tilintam” e, nos casos mais significativos, até “as paredes e as estruturas de madeira rangem”.
Embora ambos os terramotos tenham começado na mesma região do planeta — entre o Canhão de Faro e o planalto de Bartolomeu Dias —, a energia eclodiu a diferentes profundidades. O primeiro sismo começou a quatro quilómetros da superfície terrestre, enquanto o sismo registado esta manhã despontou a 16 quilómetros de profundidade.
A origem dos sismos no Algarve
Segundo a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excepcionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).
A sismologia em Portugal está relacionada com a interacção entre três placas tectónicas: a euroasiática, a norte-americana e a africana. Enquanto a placa euroasiática e a placa norte-americana estão a afastar-se, abrindo espaço à subida de magma no manto terrestre, a placa euroasiática e a placa africana roçam uma na outra. Esse movimento leva à acumulação de energia nas rochas que compõem as duas peças da litosfera terrestre. Quando os materiais chegam ao seu limite de absorção de energia, libertam-na sob a forma de sismos.
A região do Algarve tem outra particularidade: a interacção entre a microplaca ibérica (uma região da placa euroasiática) e a placa africana. Esta última está a pressionar a parte da superfície terrestre onde assenta a Península Ibérica, o que causa falhas tectónicas dentro da placa. Esse efeito de compressão está a aumentar ao longo dos anos e tem conduzido ao surgimento de novos “rasgões” na região sul da Península Ibérica — afectando, portanto, o Algarve.