Presidente para a Google na Europa responde às perguntas mais pesquisadas sobre IA

Matt Brittin, responsável pela Google na região EMEA (Europa, Médio Orienta e África) responde a algumas das perguntas mais frequentes sobre inteligência artificial no Google.

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Matt Brittin, Presidente da Google na região da Europa Ricardo Lopes
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As novas tendências de pesquisa divulgadas pela Google mostram que o interesse de pesquisa por inteligência artificial (IA) atingiu um máximo histórico em Portugal. As tendências revelam que o interesse no tema aumentou 290% desde o ano passado e 5000% na última década.

"O que é a inteligência artificial?", "A inteligência artificial vai roubar o meu emprego?" e "Quando começou a IA?" são algumas das perguntas mais frequentes em Portugal. O presidente da Google para a região da Europa, Matt Brittin, dá algumas respostas.

O que é a inteligência artificial e como funciona?

A IA é um tipo de tecnologia que pode aprender a partir do seu ambiente, experiências e pessoas, e que pode compreender padrões e fazer melhores previsões do que qualquer outra tecnologia anterior.

Os modelos de IA são treinados e criados por engenheiros humanos, que inserem dados no sistema de IA para o treinar. Por exemplo, em 2012, mostrámos a um modelo de IA milhares de vídeos de gatos no YouTube para que pudesse aprender a reconhecer um gato. Agora, com os avanços da tecnologia, poderíamos dar a um modelo de IA centenas de livros sobre animais para ler e, usando-os, ele seria capaz, sozinho, de nos descrever um gato, apesar de nunca ter visto nenhum.

Assim que os sistemas de IA são treinados, são testados para verificar se funcionam bem. Pede-se ao modelo de IA, por exemplo, que descreva ou reconheça um gato.

Quando começou a IA?

A IA remonta ao início da década de 1950, quando Alan Turing, um matemático britânico, publicou um artigo sobre “máquinas computacionais e inteligência”. Isto deu início aos princípios por trás da IA, mas a primeira vez que alguém usou o termo foi provavelmente em 1956, quando John McCarthy organizou uma conferência no Dartmouth College chamada Dartmouth Summer Research Project in Artificial Intelligence.

Ou seja, a IA não é algo recente. Na verdade, a investigação em IA tem vindo a acelerar desde a década de 1990. A própria Google tornou-se, em 2015, uma empresa pioneira em IA. Mas o ritmo do desenvolvimento da IA está a acelerar, com mais famílias capazes de aceder a ferramentas generativas de IA, como geradores de texto para imagem ou chatbots – tornando a IA, pela primeira vez, numa expressão familiar.

Onde é utilizada a IA?

Há muito tempo que tem sido usada em algumas das ferramentas que consideramos rotineiras. Os travões com ABS nos carros, o sistema de piloto automático dos aviões e até mesmo o Google Tradutor, o Maps e a Pesquisa utilizam há muito tempo a IA para os ajudar a funcionar de forma eficiente e eficaz.

Mas a IA está agora a ser cada vez mais utilizada para nos ajudar a enfrentar alguns dos maiores desafios sociais. As empresas (incluindo a Google) estão a utilizar a IA para se tornarem mais sustentáveis ou reduzirem a sua pegada de carbono. E os profissionais de saúde utilizam a IA para os ajudar a detectar doenças ou a criar novos medicamentos. Um dos meus exemplos favoritos disso é o AlphaFold – um projecto da Google DeepMind [equipa de investigação em IA]. Ao utilizar a IA, a equipa conseguiu mapear as sequências de todos os 200 milhões de proteínas conhecidas e fornecer este banco de dados gratuitamente a um milhão de biólogos, que agora podem usá-lo para os ajudar a criar novas vacinas, resolver a resistência aos antibióticos e combater a malária e muitas doenças raras.

A IA vai roubar o meu emprego?

Tal como a tecnologia se está a desenvolver de uma forma célere, o mesmo acontece com o mercado de trabalho. No início do século passado, as pessoas trabalhavam principalmente na agricultura. Agora temos gestores de fundos financeiros e tripulações de cabine de bordo de voos comerciais que são amplamente acessíveis. Em 1995, já conhecíamos a profissão de web designer. Portanto, há muito tempo que temos questões como esta e, como sociedade, lidamos bem com elas.

Não se trata de subestimar o potencial da IA, que é essencialmente a “terceira vaga” da tecnologia digital depois da Internet e dos telemóveis. Será brilhante para a produtividade das pessoas e para as oportunidades económicas, mas também vai causar alguma disrupção. Vamos deparar-nos com todo um conjunto de empregos que podem emergir, sendo que a mudança mais profunda será perceber quantos dos nossos empregos serão auxiliados por tecnologias. A IA tornar-se-á um parceiro para muitos de nós, ajudando-nos com tarefas repetitivas e a estimular a criatividade, permitindo-nos dedicar mais tempo às partes do nosso trabalho de que gostamos e que nos desafiam.

O que pode fazer a IA e como posso usá-la?

Pense na IA como uma ferramenta que é realmente boa a compreender padrões e a fazer previsões melhor do que qualquer computador e que foi ensinada a aprender com o seu ambiente, experiências e pessoas. Ao fazer bom uso desta capacidade, o utilizador pode usar a IA para fazer todo o tipo de coisas incríveis: como ajudar os médicos a rastrear e a identificar o cancro, prever e monitorizar desastres naturais ou ajudar as empresas a identificar e a reduzir as suas emissões de carbono.

Provavelmente o leitor já usa IA regularmente, sem perceber. Mas agora também é possível utilizar a IA para ajudar a aumentar a sua produtividade com ferramentas de linguagem experimental, como o Bard, traduzir ainda mais idiomas no Google Tradutor, ou para escolher no Google Maps uma rota optimizada para um consumo menor de combustível.

A IA é algo perigoso?

A IA é como qualquer outra tecnologia. Pode ser usada para o bem ou para o mal, dependendo do utilizador. Por um lado, tem um potencial incrível para ser utilizada de formas benéficas para a sociedade, como proteger as pessoas contra spam e fraude, traduzir centenas de idiomas ou prever inundações com sete dias de antecedência. Por outro, pode ser utilizada para amplificar actuais problemas sociais, como a desinformação e a discriminação.

É muito importante que utilizemos essas ferramentas correctamente, trabalhando em conjunto para garantir que as estamos a criar e a usar de forma responsável. Isto significa que os governos devem introduzir legislação para nos ajudar a aproveitar os benefícios da IA e, ao mesmo tempo, mitigar os riscos. As empresas que desenvolvem IA [devem ter] conjuntos partilhados de normas e princípios. Na Google, somos guiados pelos nossos próprios Princípios de IA, que podem ser consultados online, de forma a garantir que estamos a desenvolver uma IA que seja benéfica para a sociedade.

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