Tempestade em Espanha foi fotografada do espaço e está a afectar o tempo em Portugal

Avisos amarelos em Portugal vêm da tempestade que afectou Espanha. Depressão atmosférica foi fotografada pelo programa Copérnico. Tempo melhora até quarta, mas chuva voltará com vento e trovoada.

Foto
A tempestade que causou vítimas mortais e danos graves em Espanha numa imagem captada no domingo pelos satélites do programa Copérnico European Union, Copernicus Sentinel-3 imagery
Ouça este artigo
00:00
03:23

A tempestade que provocou pelo menos duas mortes em Espanha por causa das inundações provocadas pela chuva forte foi fotografada pelos satélites Sentinel-3, do programa europeu Copérnico, enquanto passava lentamente pela Península Ibérica. A imagem mostra as nuvens densas que afectaram com especial intensidade a região de Madrid, no centro do país, que estava sob aviso meteorológico vermelho.

Embora as condições meteorológicas tenham acalmado nas últimas horas, e as autoridades tenham baixado o alerta para o nível amarelo nas regiões mais afectadas ao longo do último domingo, esta semana prevê-se que o tempo “seja mais húmido e mais frio que o normal” no Centro e Oeste da Península Ibérica, alertou a Agência Meteorológica Estatal espanhola (AEMET) com base nos dados do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo.

Ao PÚBLICO, a meteorologista Patrícia Marques, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), confirma aquilo que as imagens de satélite sugerem: a depressão que causou vítimas e estragos significativos na região central de Espanha também está a afectar, embora com menos intensidade, o estado do tempo em Portugal desde o fim-de-semana passado. E é também por causa dela que todos os distritos desde Lisboa até Viana do Castelo estão sob aviso amarelo de precipitação entre esta tarde e o início da manhã de terça-feira.

Até ao fim da tarde desta segunda-feira, até às 19h de Lisboa (menos uma hora nos Açores), o aviso amarelo de precipitação vigorará nos distritos de Lisboa, Leiria, Coimbra e Aveiro. Mais tarde, entre as 21h desta segunda-feira e as 7h de terça-feira (hora de Lisboa), o aviso amarelo fica activo em Viana do Castelo, Porto e Braga. Tudo por causa do sistema de baixas pressões atmosféricas nas camadas mais altas da atmosfera que se centrou a leste de Portugal continental.

Falamos do fenómeno a que os espanhóis chamaram DANA, a sigla para a expressão, na língua espanhola, Depressão Isolada de Altos Níveis. Este não é o nome da tempestade que afectou com especial gravidade a Comunidade de Madrid: é, na verdade, a tradução literal que se tem feito em Espanha de um fenómeno para o qual, por cá, os meteorologistas usam a expressão em inglês — cut-off.

Um cut-off é uma depressão (região de baixa pressão atmosférica) que se forma nos níveis mais altos da atmosfera e que se isola da restante circulação atmosférica, movimentando-se a baixa velocidade. O ar tende a ser mais frio e mais húmido nessa região da atmosfera, mas o seu contacto com massas de ar mais quente cria uma instabilidade na região que se traduz em chuva forte. As depressões em cut-off são comuns na Península Ibérica, sobretudo em Espanha, na Primavera e no Outono.

Depois de ter ficado quase estacionária ao longo do último domingo sobre Espanha, a depressão começou a mover-se para norte. É por isso que, segundo Patrícia Marques, as condições meteorológicas vão começar a desagravar até ao dia 6: espera-se uma subida das temperaturas e não há previsão de chuva entre terça e quarta-feira. No entanto, com uma nova mobilização dessa depressão, a precipitação deve voltar na quinta-feira — e pode ser acompanhada de trovoada e rajadas de vento fortes.

A monitorização desta depressão pelo programa Copérnico realiza-se no âmbito do Sistema de Gestão de Emergências Copérnico, que inclui dois programas de previsão meteorológica: o Sistema Europeu de Sensibilização para as Inundações (EFAS) e o Sistema Global de Sensibilização para as Inundações (GloFAS). Estes programas foram especialmente concebidos para “apoiar a preparação e a resposta de emergência a inundações a nível europeu e mundial”.