Netanyahu promete “deportações imediatas” de eritreus após os distúrbios em Telavive

Confrontos em frente à embaixada da Eritreia no sábado causaram mais de 160 feridos. Organizações criticam discurso “populista” do primeiro-ministro contra os requerentes de asilo africanos.

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Críticos e simpatizantes do Governo eritreu envolveram-se em confrontos e a polícia israelita investiu Reuters/MOTI MILROD
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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou a sua intenção de avançar com “deportações imediatas” dos cidadãos eritreus implicados nos graves distúrbios ocorridos no sábado, em Telavive, que culminaram com mais de 160 feridos, alguns deles com gravidade.

Netanyahu reuniu-se este domingo com “uma equipa especial de ministros” e prometeu uma “resposta dura contra os desordeiros, que inclui a deportação imediata daqueles que participaram” nos confrontos.

Os actos de violência de sábado envolveram manifestantes críticos do Governo eritreu e os funcionários de um evento cultural organizado pela embaixada da Eritreia em Israel e, para além de feridos, provocaram graves danos materiais.

Dos 160 feridos, dois estão nos cuidados intensivos, oito têm um prognóstico grave, 13 estão em estado moderado e 93 apresentam ferimentos ligeiros. Entre as vítimas há, pelo menos, quatro com feridas causadas por balas.

Do lado da polícia, há 50 agentes feridos, a maioria devido ao arremesso de pedras e outros objectos por parte dos manifestantes.
Várias organizações não-governamentais denunciaram, porém, o uso excessivo de força por parte da polícia.

“Os manifestantes queriam protestar contra a ingerência flagrante da embaixada eritreia na vida daqueles que fugiram da ditadura brutal [no país africano]”, declararam as organizações HaMoked e ASSAF, citadas pelo jornal Jerusalem Post.

Netanyahu pediu aos ministros um plano “para expulsar de Israel os infiltrados ilegais” e para suspender os vistos de trabalho que seja necessário, e “uma lei fundamental de imigração”, informa o diário Yedioth Aharonoth.

O Governo israelita também autorizou a detenção de suspeitos por via administrativa, que permite prender pessoas com menos provas. Até ao momento, foram detidas 50 pessoas.

“Continuamos a ter um problema grave com os infiltrados ilegais no Sul de Telavive e noutros sítios, mas o que aconteceu ontem [sábado] cruzou uma linha vermelha. Foi uma revolta, com derramamento de sangue, que não podemos tolerar”, afirmou Netanyahu, que denuncia uma “infiltração, vinda de África”, e a descreve como “uma ameaça real para o futuro de Israel como Estado judaico e democrático”.

A Organização de Ajuda aos Refugiados de Israel (ASF) criticou, no entanto, o discurso “populista” do primeiro-ministro conservador, recordando que os possíveis riscos colocados pelas manifestações de sábado já tinham sido alertados reiteradamente.

“Parece que estavam à espera de que isto acontecesse para lançarem uma campanha selvagem de ódio contra a comunidade de requerentes de asilo eritreia e contra os refugiados em geral”, acusou a organização.

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