Músicos têm dez dias para sair do Stop

Despacho já foi assinado por Rui Moreira nesta sexta-feira, após a reunião de apresentação do relatório da inspecção feita ao edifício pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil.

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Os músicos do Stop manifestaram-se em Julho pela sobrevivência do Stop Paulo Pimenta
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O despacho já foi assinado pelo presidente da Câmara do Porto nesta sexta-feira. Os músicos e os lojistas do Centro Comercial Stop têm dez dias para sair do edifício. Após a reunião desta sexta-feira nos paços do concelho, marcada para Rui Moreira apresentar o relatório da inspecção da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) aos vereadores da oposição, o autarca assinou um despacho para que o edifício seja encerrado nos próximos dias, confirma fonte do município ao PÚBLICO.

As associações que representam os músicos do antigo centro comercial voltaram a ser apanhadas de surpresa. Porém, desta vez, apenas com mais alguns dias para se prepararem para sair. Só que o desfecho é o mesmo que já conheceram em Julho – o Stop vai fechar as portas.

“Fui apanhado de surpresa”, foi assim que Bruno Costa, presidente da Alma Stop, reagiu quando soube que o antigo centro comercial onde ensaiam mais de 500 músicos vai voltar a encerrar. Até ao PÚBLICO ligar, não fazia ideia de que era isso que estava para acontecer. Em Agosto, o edifício tinha voltado a reabrir, a câmara tinha assegurado um carro de bombeiros à porta do espaço para qualquer emergência e garantido que quem arrenda as salas do centro ia ter formação com a corporação destacada no local para poderem responder em caso de existirem eventos inesperados ao nível da segurança da estrutura.

A boa vontade da autarquia durou pouco tempo e agora os músicos voltam a ficar sem local de trabalho, numa altura do ano em que a agenda de concertos está mais preenchida. Há duas semanas, esta associação tinha solicitado à câmara uma reunião. Até esta sexta-feira, não tinha chegado resposta. Não eram estas as novidades que Bruno Costa esperava receber da autarquia. Face a esta circunstância, o presidente da Alma Stop, ainda a digerir a informação, vai reunir com os músicos do centro para que se decidam as próximas etapas. Mas tem uma certeza: “A comunidade, de uma forma ou outra, reagirá.”

Rui Guerra, da Associação Cultural de Músicos do Stop, também foi apanhado de surpresa e, por isso, diz precisar ainda de algum tempo para reflectir, antes de emitir qualquer opinião.

“Opção política”

Presentes na reunião convocada pela presidente da câmara estiveram Maria João Castro (PS), Susana Constante Pereira (BE) e Alberto Machado (PSD). Ilda Figueiredo não esteve presente porque quando foi informada da reunião estava em viagem.

Sobre o que foi anunciado, Susana Constante Pereira acredita que a posição da câmara passa mais por uma “opção política” do que por outro motivo. E defende que no relatório da ANEPC estão a faltar as soluções para os problemas de segurança encontrados. Era nas soluções que se devia trabalhar, de forma a que os músicos possam permanecer nas salas de ensaio, acredita.

Ilda Figueiredo ainda não leu o relatório porque ainda não o recebeu. Mas, na segunda-feira, estará presente na reunião do executivo agendada para discutir o tema. A vereadora comunista continua a defender o mesmo que já defendia: “Tem de se defender o interesse dos músicos e das pessoas que ali trabalham há tantos anos, que não conseguem encontrar uma solução de um dia para o outro”. E apela a que se encete o diálogo entre a câmara e o Governo, que acredita estar a tardar em encontrar uma solução.

O PSD, na voz de Alberto Machado, defende que “o encerramento é inevitável”, tendo em conta “as conclusões” do relatório. E aponta o dedo ao Ministério da Administração Interna, que tutela a ANEPC: “A nossa perplexidade tem a ver com a passividade do ministro da tutela que está a assistir a isto impávido e sereno”. Porém, diz ser necessário que se encontre uma solução para os músicos e assinala a Escola Pires de Lima como alternativa, como a câmara já sugeriu.

O PÚBLICO contactou a vereadora do PS, mas não teve resposta.

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