Islândia retoma caça à baleia e é alvo de duras críticas

A actividade foi suspensa em Junho depois de ter sido comprovado que as normas relacionadas com o bem-estar animal não estavam a ser cumpridas.

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A Islândia é dos poucos países em todo o mundo que continua a permitir a caça à baleia MIKE DOHERTY/UNSPLASH
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A Islândia voltou a autorizar a caça comercial da baleia, numa decisão que está a gerar forte contestação da parte de organizações de defesa dos direitos dos animais. O anúncio surge depois de uma suspensão temporária à caça do animal ter terminado este mês.

Embora o Governo tenha dito que vai reforçar normas relativas a equipamentos, formação e monitorização da actividade, em vista à minimização do sofrimento dos animais. No entanto, os activistas consideram que as medidas são "inúteis e irrelevantes".

Ao jornal The Guardian, a ministra da Alimentação, Agricultura e Pescas, Svandís Svavarsdóttir, disse que o seu ministério está a "implementar requisitos rigorosos e detalhados para a prática da caça, relacionados com o equipamento, os métodos e uma maior supervisão". A licença para a caça da baleia é válida até ao final deste ano e "ainda não foi tomada uma decisão sobre quaisquer licenças a serem concedidas em 2024".

Grupos de defesa dos direitos dos animais consideram que a decisão islandesa não só é "extremamente decepcionante", como também representa um "grande retrocesso" em relação ao que já tinha sido feito. O activista Luke McMillan, da Whale and Dolphin Conservation, defende que estas medidas de minimização propostas pela Islândia "nunca tornarão a caça à baleia aceitável".

Já Ruud Tombrock, director da Humane Society International, disse que nenhuma medida poderá tornar a caça às baleias menos "cruel e sangrenta". "A Islândia teve a oportunidade de fazer a coisa certa e optou por não fazê-lo", lamentou.

A caça à baleia tinha sido suspensa na Islândia em Junho, após um relatório ter revelado que não estavam a ser cumpridas normas relacionadas com o bem-estar animal. “Se o Governo e as normas não puderem garantir os requisitos do bem-estar [animal], estas actividades não terão futuro”, afirmou Svavarsdóttir na altura.

Só no ano passado, foram mortas 148 baleias comuns. A Islândia, o Japão e a Noruega são os únicos países que continuam a permitir esta actividade.

As baleias comuns são o segundo maior mamífero do mundo, depois da baleia azul, e estão inseridas na lista de espécies vulneráveis ao processo de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza. As baleias enfrentam problemas relacionados com a poluição, o emaranhamento em redes de pesca, os ataques dos navios e a crise climática.