Marcelo diz que caso Rubiales é uma “questão menor” face à guerra

“Há coisas tão menores que ocupam a atenção das pessoas”, lamentou o Presidente da República, aludindo à atenção mediática em torno do caso que envolve o presidente da federação espanhola de futebol.

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Marcelo Rebelo de Sousa desafiou o seu sucessor a "fazer melhor" LUSA/NUNO VEIGA
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O Presidente da República lamentou a atenção mediática devotada ao caso do beijo não consentido do presidente da federação espanhola de futebol a uma jogadora da selecção feminina, que considerou ser uma “questão menor” a ocupar a “atenção das pessoas”, por comparação com a guerra. Marcelo Rebelo de Sousa comentou a polémica, esta quarta-feira, durante o jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, que foi dedicado ao tema da Ucrânia.

O Presidente foi presencialmente à Universidade de Verão do partido com vista a tentar transmitir a experiência da sua visita à Ucrânia na semana passada.

“Isto não é desmotivá-los, eu acho que é fundamental e o Presidente tem essa responsabilidade, que é resolver os problemas no sítio onde se vive. Mas, de facto, há coisas tão menores que ocupam a atenção das pessoas - beijou melhor ou beijou pior, ainda que tenha beijado enfim… Bem, está bem, também são questões de princípio, fundamentais, mas perdemos tanto tempo no dia-a-dia com coisas menores, insignificantes”, afirmou durante a sua intervenção.

No final do discurso, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre se se estava a referir ao caso Rubiales ou se as declarações foram mal entendidas. “Não, é uma questão de investigação de um crime de assédio sexual, é uma questão grave, mas há questões mais graves como a morte em guerra, vidas humanas de um lado e outro, em número massivo. Em termos de destaque noticioso cada qual é livre, mas uma coisa é um acto criminoso individual a ser investigado, outra coisa é uma guerra com mortes, e a vida humana vale sempre mais do que tudo isso”, respondeu.

Em causa está o beijo na boca dado por Luis Rubiales, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, à jogadora Jenni Hermoso, que já levou à abertura de um inquérito por parte do Ministério Público espanhol sobre suspeitas de agressão sexual, e à suspensão do dirigente por parte da FIFA.

Presidente de "proximidade"

Na sua intervenção no jantar-conferência, Marcelo não se desviou do tema da Ucrânia na sua exposição e nas respostas às perguntas dos alunos. Só no final quando lhe foi perguntado sobre qual o legado que deixa, o Presidente cedeu à tentação de sair do tema da guerra.

“Provavelmente, aquilo que talvez deixe é ter sido um Presidente de proximidade”, afirmou, apontando como um dos grandes problemas dos políticos em todo o mundo a “descolagem” das pessoas. Marcelo assumiu que fez “tudo o possível para responder a essa tentação terrível, essa quebra, essa desvinculação”, mas que a procura dessa proximidade acarretava “riscos” ao ficar em concorrência “não desejável e não desejada” com “forças vivas e populistas”.

Numa altura em que as presidenciais de 2026 estão na agenda mediática, o Presidente deixou ainda um recado para o próximo chefe de Estado. “Se eu conseguir chegar ao fim do mandato, posso não ter preenchido outros, mas esse está atingido", disse, em relação à questão da proximidade. "E que os meus sucessores não percam isso e façam melhor onde eu falhei”, desejou.

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