Militares no Gabão nomearam general para chefiar governo de transição

O Presidente deposto, Ali Bongo, gravou um vídeo em que pede aos “amigos de todo o mundo” que protestem contra o golpe. Nas ruas da capital, o derrube da dinastia Bongo foi celebrado.

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Centenas celebraram o golpe nas ruas de Libreville Reuters/STRINGER
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Os militares que tomaram o poder no Gabão nomearam o general Brice Oligui Nguema, que era até agora o comandante da Guarda Republicana Gabonesa, para liderar o governo de transição na sequência do afastamento do Presidente Ali Bongo Ondimba.

Ao fim do dia, na quarta-feira, o general Nguema percorreu as ruas de Libreville, chegando a ser carregado em ombros por outros militares, num momento de celebração do golpe que pôs fim a mais de 50 anos de controlo pela dinastia da família Bongo.

Quase ao mesmo tempo, o Presidente deposto aparecia num vídeo gravado em casa, onde está detido, apelando aos seus “amigos em todo o mundo” para que façam “barulho” em protesto contra a tomada do poder pelos militares. Um dos seus filhos, assim como outros dirigentes do regime, foi igualmente detido por traição e corrupção.

É difícil saber que rumo é que os militares que tomaram o poder querem dar ao país. A oposição pediu-lhes nesta quinta-feira que autorizem a continuação do processo de contagem de votos das eleições presidenciais, que dizem ter sido interrompido indevidamente para atribuir a vitória a Bongo.

Nas ruas da capital, a atmosfera era de júbilo pelo derrube de Bongo, que havia sido declarado vencedor das eleições presidenciais poucas horas antes do golpe. “Ao início, estava com medo, mas depois senti alegria. Estava com medo por me ter apercebido de que estava a viver um golpe, mas a alegria é porque esperávamos há tanto tempo que este regime fosse derrubado”, afirmou um habitante de Libreville, citado pela BBC.

À Reuters, Jules Lebigui, um homem de 27 anos desempregado, disse estar a marchar pela capital por estar “contente”. “Depois de quase 60 anos, os Bongos estão fora do poder”, disse.

Apesar do aparente apoio popular, o golpe militar foi condenado pelas Nações Unidas, União Africana e vários outros países, incluindo a França, a antiga potência colonial que tem tropas estacionadas no país. “Condenamos o golpe militar e recordamos o nosso compromisso com eleições livres e transparentes”, disse o porta-voz do Governo francês, Olivier Veran.

Uma das preocupações centrais é com o aumento da instabilidade na região. O golpe do Gabão é o oitavo derrube de um regime na África Central e Ocidental desde 2020.

O Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, que preside à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), alertou para o “aparente contágio autocrático” que se espalha pelo continente.

Um dia depois do golpe, a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) pediu a reposição da ordem constitucional e condenou o uso de força.

O Gabão, um país de 2,4 milhões de pessoas com importantes reservas de petróleo, era governado há cinco décadas pela família Bongo. Antes de Ali Bongo, que chegou ao poder em 2009, o seu pai, Omar Bongo, governou durante 42 anos, até à sua morte. Eleição após eleição, a oposição denunciava inúmeras irregularidades, e os resultados das eleições do fim-de-semana não foram excepção.

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