UEFA desafia FIFA e garante descontos “normais” nas provas europeias
Boban assume defesa da integridade física dos jogadores e considera absurda a banalização de períodos de compensação de dois dígitos, sobretuto em provas competitivas como a Liga dos Campeões.
A UEFA, pela voz do antigo internacional croata Zvonimir Boban, principal conselheiro da UEFA desde 2021 em matéria relacionada com as competições profissionais, assumiu que as competições europeias de clubes não seguirão as directrizes do International Football (IFAB) no que diz respeito à política de aumentar de forma recorrente o tempo extra dos jogos, que desde o Mundial do Qatar atingem frequentemente os dois dígitos, chegando a atingir os 15 minutos de compensação.
Na perspectiva da UEFA, as medidas adoptadas pela FIFA para combater o anti-jogo e promover o aumento do tempo útil – contabilizando todas as interrupções, como substituições, lesões, simulações e celebrações – não protegem os futebolistas, já de si fisicamente sobrecarregados pelos calendários das equipas e selecções.
Gianni Infantino, presidente da FIFA, centrou-se nos benefícios dos adeptos, que pagam bilhetes para assistir a jogos com tempo útil muitas vezes inferior a 55 minutos.
Um argumento que a UEFA rebate, vincando que a média dos jogos da Liga dos Campeões na edição passada supera os 60 minutos, alegando ainda que os jogos são extremamente competitivos e que pedir aos jogadores um esforço extra quando já estão no limite é desaconselhável.
Boban, antigo médio do AC Milan, analisa a questão pelo prisma dos jogadores e considera absurdo o novo normal nas principais ligas europeias, com jogos de futebol a chegarem aos 100, 105 e 110 minutos.
Daí que a UEFA tenha advertido os árbitros para evitarem o exagero nas três provas europeias, garantindo que a medida adoptada desde o Qatar2022 não fará escola nas competições europeias, onde a integridade física dos jogadores será a maior preocupação.
“É uma tragédia, pois estão a acrescentar 12, 13, 14 minutos no final dos encontros, que é uma fase muito complicada para os jogadores. Ouvimos jogadores e treinadores. São quase 500 minutos extras por temporada. São seis jogos, é uma loucura. Não vamos fazê-lo. Seguiremos as nossas próprias normas”, concluiu Boban, apoiado por Roberto Rosetti, presidente do Comité de Árbitros da UEFA.
“As pessoas gostam da Liga dos Campeões porque os jogos são intensos. Dissemos aos árbitros para agilizarem os reinícios de jogo e para não se centrarem tanto no tempo extra”, explicou o responsável.