Das vantagens às alterações no terreno: os drones na Ucrânia em cinco pontos
São usados diariamente pela Rússia e Ucrânia, aumentando o sucesso dos ataques e ajudando a mapear alterações tácticas do inimigo. Que mudanças trouxeram os drones aos teatros de guerra?
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Tornaram-se a arma de guerra favorita do século XXI e são um elemento indispensável no campo de batalha. Na madrugada desta quarta-feira, Moscovo e Kiev lançaram drones contra território inimigo: a Rússia diz que seis regiões foram atingidas (no maior ataque em solo russo desde o início da invasão da Ucrânia), a Ucrânia denuncia a morte de dois civis e a destruição de várias habitações. Com o avanço constante da tecnologia e uso crescente de equipamentos, quais são as vantagens da utilização dos drones e que alterações trouxeram aos conflitos modernos?
Atingem qualquer local
Com recurso aos drones, Volodymyr Zelensky tem conseguido desferir golpes em território inimigo, o que tem permitido, sobretudo, conseguir um impacto psicológico superior às consequências físicas: fazendo com que os cidadãos de várias cidades russas – incluindo Moscovo – não se sintam em segurança.
A guerra que, durante meses, se desenrolou em sítios distantes da vista, é transportada para a porta dos russos. A possibilidade de mortes e destruição tornou o conflito mais real. E, com isso, o potencial aumento de críticas contra o regime do Presidente russo, Vladimir Putin.
“Os recentes ataques a Moscovo mostram a capacidade ucraniana em construir drones que conseguem levar a luta à Rússia. Demonstrar que os russos também estão vulneráveis, que não são só os ucranianos a morrer e a sofrer com esta guerra. É importante psicologicamente para os ucranianos e nocivo para os russos”, explica David Dunn, professor de Ciência Política na Universidade de Birmingham, em declarações à ABC News Austrália.
Aumenta precisão dos ataques
Outra das grandes vantagens da utilização de drones passa por ajudar a potenciar a precisão nos ataques de artilharia. Um destes veículos aéreos não tripulados pode identificar e sobrevoar alvos inimigos, transmitindo aos responsáveis as coordenadas exactas da localização em tempo real. Segundos depois, estes dados são usados para redireccionar os ataques de artilharia. Os ajustes tornam os ataques mais mortíferos e aumentam as probabilidades de sucesso das ofensivas.
“Esse é um dos usos mais eficazes dos drones [no campo de batalha]”, explica a analista militar Kelly Grieco. Em entrevista à emissora pública de rádio norte-americana NPR, a especialista afirma que é cada vez mais barato operar um destes drones, com cada equipamento a custar “poucos milhares de dólares”.
Dificultam surpresas tácticas
A capacidade de vigilância é um dos grandes trunfos na utilização de drones. Operações de grande dimensão no campo de batalha são geralmente detectadas com grande antecedência, anulando a hipótese de apanhar o adversário desprevenido.
Investimento na defesa
De mãos dadas com a proliferação na utilização de drones surge a necessidade de montar sistemas de defesa eficazes contra este armamento. As defesas aéreas funcionam 24 horas, sete dias por semana e a mínima falha pode resultar em danos.
Todas as madrugadas, há notícias de ataques com drones, sobretudo por parte da Rússia. Apesar de a maioria – garantem os dois lados do conflito – ser destruída antes de atingir o alvo, há feridos ou danos materiais provocados por estes equipamentos.
Cerca de um ano antes da invasão da Ucrânia, no início de 2020, a Rússia anunciou o Gibka-S, um sistema de defesa aéreo portátil para acompanhar as forças terrestres. Este equipamento detecta drones num raio de dez quilómetros, conseguindo localizar este tipo de veículos aéreos quando voam a velocidades de até 700 metros por segundo.
“Um drone muito barato – que pode ser uma modificação de um drone de competição que custa milhares de euros – pode danificar equipamentos que custam milhões de dólares a produzir. Quando os ucranianos vêem isto na televisão, percebem que estão a ter um efeito, a gastar bem o dinheiro e a negar a capacidade dos russos de ocuparem o seu território”, resume David Dunn.
“Democratização” aérea
Um dos pontos que aparentam ser consensuais entre os especialistas prende-se com a “democratização” do espaço aéreo em zonas de conflito. A supremacia nos céus esteve sempre reservada à potência com maior capacidade económica, militar e tecnológica. Agora, com o surgimento destes veículos aéreos não tripulados, qualquer país pode ganhar capacidade ofensiva aérea em caso de guerra.