Kremlin diz que as declarações do Papa sobre a História russa são “muito gratificantes”

Vaticano assegura que Francisco não quis glorificar o imperialismo russo quando enfatizou, numa mensagem para jovens católicos russos, que estes são os herdeiros dos czares do passado.

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O Papa esteve em Portugal no início de Agosto, por ocasião das Jornada Mundial da Juventude Nuno Ferreira Santos
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O Governo da Rússia descreveu como “muito gratificantes” as declarações do Papa Francisco a pedir aos jovens russos que recordem a sua História e a sublinhar que o Estado russo tem um grande legado. Para o Kremlin, “é muito bom” saber que o Papa conhece a História do seu país.

O chefe da Igreja Católica está a ser alvo de críticas por ter enfatizado, numa mensagem em vídeo, dirigida a um grupo de jovens católicos russos reunidos em São Petersburgo na passada sexta-feira, que eles são herdeiros dos czares do passado, como Pedro, o Grande, ou Catarina II.

Entre outros feitos, ambas as personagens históricas se destacaram por terem liderado a expansão do Império Russo nos séculos XVII e XVIII, conquistando, nomeadamente, territórios da actual Ucrânia. Vladimir Putin tem recorrido várias vezes a elas para justificar a invasão do país vizinho.

As origens da nação e do povo russo estão ligadas a um grupo de unidades políticas medievais localizadas na região de Kiev, actual capital ucraniana. O Presidente russo tem, ainda assim, negado uma qualquer tradição singular da Ucrânia na História e na cultura russas, argumentando que a divisão entre russos e ucranianos é artificial e que a Ucrânia, enquanto país soberano, é uma construção imaginária.

Entre os críticos das declarações do Papa destacou-se, naturalmente, o Governo ucraniano, que as rotulou como “profundamente lamentáveis”.

Nesta terça-feira, porém, o Vaticano divulgou um comunicado a esclarecer que Francisco não teve qualquer intenção de glorificar o imperialismo russo.

“O Papa pretendia encorajar os jovens a preservarem e a promoverem tudo aquilo que há de positivo na grande herança cultural e espiritual russa. Não queria, garantidamente, exaltar a lógica imperialista e as personagens estatais que referiu para indicar alguns períodos históricos de referência”, assegurou Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, citado pela Reuters.

Nas suas intervenções públicas e religiosas, o Papa Francisco tem pedido insistentemente o fim do conflito e manifestado a sua solidariedade com o sofrimento do povo ucraniano. Em Maio deste ano, recebeu Volodymyr Zelensky no Vaticano, aquando da visita do Presidente ucraniano a Roma.

Não obstante, Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, deu conta da leitura positiva que Moscovo fez das afirmações do Papa aos jovens de São Petersburgo.

“O pontífice conhece a História russa e isso é muito bom”, afirmou, segundo a Reuters. “Aquilo que o Estado, os grupos de activistas, as escolas e os professores universitários [russos] estão a fazer é transmitir esse legado aos nossos jovens, relembrando-os sobre ele.”

Assim, celebrou Peskov, “o facto de o pontífice estar em sintonia com estes esforços é muito, muito gratificante”. Com Reuters

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