Marcamos encontro Ódespois do trabalho, a caminho do jantar?

O País Basco chegou a Setúbal sob a forma de pintxos. No Ódespois, há tapas inspiradas em Espanha, mas com produtos nacionais. Também os vinhos são daqui.

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“O conceito é beber um vinho e picar depois do trabalho” Fernando Carvalho/Luísa Antunes
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Exposições periódicas ocuparão esta parede à entrada do espaço Fernando Carvalho/Luísa Antunes
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Os pintxos custam 2 euros cada e são confeccionados com produtos de pequenos produtores do Alentejo e de Setúbal Fernando Carvalho/Luísa Antunes
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Beber um vinho e picar (pintxar), depois do trabalho, à semelhança do que se faz em Espanha e noutros países europeus. Esta é a prática que Susana Adanjo e Luís Chatinho importaram para Setúbal desde finais de Julho. E está a correr bem, dizem.

“O projecto surge com o meu desemprego e por sempre termos sonhado abrir algo com ligação a Espanha”, conta a designer gráfica de formação. O parceiro do sonho e da exploração do Ódespois trabalha no sector de moldes automóveis e anda sempre cá e lá: Portugal e Espanha. Gosta. Ambos partilham “o fascínio pela cultura espanhola”.

Ela já tinha experimentado “apenas” venda de vinhos (garrafeira) naquele espaço na Baixa de Setúbal, na Rua Augusto Cardoso, 71-73. Para os setubalenses mais velhos, aquela será sempre a “Rua da Antecipação”, a livraria do senhor Graça, que fintava com coragem o regime anterior ao 25 de Abril e conseguia fazer chegar aos leitores interessados títulos, obras e jornais proibidos.

Quando se pede a Susana Adanjo que refira o que distingue o Ódespois de outros estabelecimentos de tapas na cidade, diz serem precisamente “os pintxos, originários do País Basco, não existe nada semelhante em Setúbal”. E acrescenta: “O conceito é beber um vinho e picar (pintxar) depois do trabalho.”

Não existe propriamente uma ementa fixa: “Há pintxos que todos os dias são feitos com criatividade, queremos aliar Espanha ao gosto português. Daí termos criado pintxos de alheira, bifana, ovos com farinheira e outros sabores bem portugueses, mas também temos os tipicamente espanhóis, com anchovas e presunto.” Custam dois euros cada e são confeccionados com “produtos provenientes de pequenos produtores do Alentejo e de Setúbal”.

As croquetas (5€) e as bruschettas com tomate e queijo (3,75€) ou com queijo de cabra e mel (4€) fazem parte das escolhas diárias possíveis. Há ainda as tábuas de queijos ou enchidos ou mista (6,50€ a pequena, 13€ a grande). O copo de vinho custa 2,80€, podendo acompanhar vários queijos (a partir de 1,80€). Caso opte pelo pack de copo de vinho e tabuinha de queijo, pagará 3,30€. Se afinal decidir que já não precisa de ir jantar, pode pedir o doce do dia (2,25€).

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O espaço, que não é muito grande, tem uma decoração tradicional, com pipas, madeiras, ferros, chocalhos, almofadas coloridas e plantas Fernando Carvalho e Luísa Antunes

Com decoração tradicional, pipas, madeiras, ferros, chocalhos, almofadas coloridas e plantas, o espaço, que não é muito grande, conta ainda com uma pequena esplanada, com apenas duas mesas. Mas já vai sendo habitual ver-se grupos de amigos em pé “a ocupar” a rua enquanto conversam, provam um vinho e pintxam. Tal como os proprietários imaginaram.

Exposições periódicas

Numa das paredes do interior, pode ver-se a exposição de fotografia Entre Vinhas e Vinhos, de Fernando Carvalho e Luísa Antunes, que também assinam a imagem do logótipo e os materiais gráficos do espaço. Essa parede será periodicamente ocupada com novos temas e novas fotos, criando dinamismo na decoração e captando a atenção dos clientes. Serão sempre dos mesmos autores e estarão à venda.

Sem qualquer formação ou experiência em restauração, Susana Adanjo e Luís Chatinho quiseram, ainda assim, apostar em algo diferente: “Algo que apreciávamos e porque sentíamos essa necessidade em Setúbal, [a de haver] um local para beber um copo de vinho, num sítio acolhedor, enquanto picamos algo.”

A garrafeira é composta por vinhos de pequenos produtores de várias regiões de Portugal. Vinhos menos conhecidos e que não se encontram em grandes superfícies.

Está nos planos criar o hábito de trazer produtores de vinhos para orientarem “provas acompanhadas dos pintxos certos”. Pode comprar-se uma garrafa, consumi-la enquanto se petisca e levar o restante para casa.

“Tem sido com muita alegria que vemos a procura, quer dos turistas quer dos setubalenses, que vêm conhecer os nossos pintxos e beber um copo de vinho. Temos três vinhos a copo: Alentejo, Douro e Península Setúbal — branco, tinto e rosé.”

O nome do espaço surgiu por brincadeira. Susana Adranjo conta: “Ódespois é um termo do Alentejo e dizíamos: ‘Ódespois ainda vamos ter um negócio de tapas’.” Apareceu a oportunidade e aproveitaram-na. Acreditam até que pode servir como slogan: “Ódespois do trabalho, apareçam.”

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