Da caixa de um restaurante até à Premier League, Beto levou oito anos

Transferência do avançado português, da Udinese para o Everton, terá sido concluída por um valor a rondar os 30 milhões de euros.

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Everton FC
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As mensagens de boas-vindas e os votos de felicidades inundaram nesta terça-feira as redes sociais do Everton, depois de o clube ter oficializado a contratação de Beto, avançado português cuja carreira tem subido em flecha. Tornou-se profissional em 2019 e, quatro anos depois, chegou ao melhor campeonato do mundo, a Premier League.

“É bom ingressar no Everton. Sempre apreciei o clube. O Everton é um grande da Premier League, muito respeitado e com uma grande história. Foi fácil a mudança”, afirmou o ponta-de-lança de 25 anos, confessando que desde os tempos do secundário apreciou o ambiente em Goodison Park. E o que pode acrescentar à equipa treinada por Sean Dyche? “Posso trazer coragem, confiança e esforço. Sinto que o meu estilo combina com o Everton”.

O director desportivo do clube, Kevin Thelwell, pensou o mesmo quando decidiu avançar para a contratação do jogador, convencendo a Udinese com um cheque de 30 milhões de euros. “Contratar um avançado com a sua experiência e currículo foi uma prioridade para nós nesta janela de mercado”.

Para Beto, um lisboeta filho de pais guineenses, esta é uma oportunidade única. E um salto invulgar na carreira, especialmente se tivermos em conta que teve uma relação intermitente com o futebol no período da formação, saltando entre União de Tires e Oeiras (com uma passagem fugaz pelo Benfica), e que só chegou ao futebol de primeira linha em 2019, quando o Portimonense o descobriu no Olímpico do Montijo, fruto de uma época com 21 golos em 36 jogos.

Beto cumpria, no Algarve, a promessa que tinha deixado aos amigos anos antes, quando trabalha como caixa numa cadeia de restaurantes de fast food, na zona de Lisboa. “Colocar dinheiro na mesa no final do mês para ajudar a minha família deixou-me orgulhoso. Pagar as contas em vez da minha mãe era como marcar um golo. Enquanto trabalhava, eu dizia aos meus amigos que iria ser profissional em cinco anos. Fi-lo em quatro”, contou numa entrevista ao jornal Gazzetta dello Sport, em Abril.

Já era, nessa altura, uma referência na Udinese, com 22 golos em 64 jogos naquela que foi a primeira experiência no estrangeiro. Um raro caso de impacto imediato numa Liga tão exigente como a Série A. No Algarve, tinha acontecido algo de idêntico, ainda que a uma escala diferente: começou nos Sub23 do Portimonense mas o rendimento rapidamente o catapultou para a equipa principal, somando 26 golos em 68 jogos.

Rápido, com uma potência muscular invulgar e uma capacidade de choque que o torna difícil de contrariar, Beto rumou inicialmente por empréstimo até Udine, convencendo de imediato os responsáveis do clube a accionarem a cláusula de compra, fixada nos sete milhões de euros. Um investimento que valeu claramente a pena.

Agora, tentará fazer o mesmo em Liverpool, no mais competitivo campeonato do planeta. Assinou pelo Everton até 2027 e em Goodison Park encontrará os compatriotas Youssef Chermiti (contratado ao Sporting também neste Verão), João Virgínia e André Gomes. Também encontrará concorrência no ataque como a do neerlandês Arnaut Danjuma ou do inglês Calvert-Lewin e um clube que, em três jornadas ainda não pontuou e... ainda não marcou. Beto está lá para ajudar a acabar com a seca.

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