Dez anos depois, o Sp. Braga volta a ser equipa de Champions

Na “Europa dos ricos”, o clube minhoto vai poder compensar o investimento feito em salários de jogadores renomados. A aposta compensou e o Sp. Braga vai enriquecer na Liga dos Campeões.

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Jogadores do Sp. Braga celebram na primeira mão EPA/FERNANDO VELUDO
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Desde 2013 que o Sporting de Braga não podia dizer “respeito, que andamos na Champions”. Agora, já pode. A equipa minhota garantiu nesta terça-feira a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, ultrapassando o play-off frente ao Panathinaikos, com um 0-1 em Atenas, depois do 2-1 em Braga.

A procura por um estatuto maior tem-se limitado, nos últimos anos, a um par de títulos internos e a um investimento cada vez maior, mas, para 2023-24, o plano vai ter uma dimensão desportiva, mediática e financeira bem diferente.

É que esta conquista está longe de ser um mero ganho de estatuto e atenção mediática, já que os milhões investidos nos salários de João Moutinho, Pizzi, Bruma, Zalazar, José Fonte, Rony Lopes ou Ricardo Horta podem, agora, ter a compensação financeira vinda da “Europa dos ricos”. Em suma, estes 90 minutos de futebol em Atenas são a legitimação de um projecto e António Salvador, depois do forte investimento, pode respirar de alívio.

Pressão intensa

Em Atenas, a equipa minhota não teve pudor em atacar a zona da bola com vários jogadores e isso criou desequilíbrios permanentes de ambos os lados. Houve até vários momentos em que Djaló e Bruma, os alas, estavam no lado oposto, a ajudarem na pressão – e não eram momentos casuais, eram opções claramente conscientes de “abafar” como pudessem a construção, esvaziando as soluções de linhas de passe.

Também a pressão à saída de bola evidenciava isso, com André Horta ou Vítor Carvalho a subirem na pressão alta feita a cinco – um risco tremendo.

Esse risco partiu a equipa com frequência, como aos 18’, aos 22’ e aos 37’, em lances mal definidos pelos gregos. Mas também foi essa pressão que permitiu, aos 31’, uma recuperação alta que deu, no fim do lance, remate de Ruiz para defesa do guardião do “Pana”.

Ofensivamente, o Sp. Braga usou quase sempre a mesma “receita”: fé em Ruiz. O avançado espanhol destacou-se nos apoios frontais, como aos 26’, com posterior remate, e aos 9’, 14’ e 45+1’, com passes que envolveram colegas e permitiram à equipa subir e atacar a área grega com vários jogadores.

Uma solução tentada apenas uma vez, mas que parecia ter potencial de sucesso, era o apoio frontal de Ruiz arrastar um central e alguém romper pela zona deixada livre por esse defensor.

Más definições

As duas equipas, bastante rematadoras, poderiam ter marcado na primeira parte, ainda que o principal lance de perigo tenha sido o cabeceamento de Vagiannidis, após um canto, defendido por Matheus.

Na segunda parte a postura dos minhotos mudou um pouco. No plano ofensivo a ordem continuava a ser procurar Ruiz e tentar libertar alas para um contra um, mas a equipa subia muito menos, pelo que a capacidade de ligar o jogo foi quase nula.

Defensivamente, os minhotos continuaram a deixar, por vezes, o jogo partir, até pela incapacidade de André Horta, primeiro, e Pizzi, depois, entenderem os momentos de pressão – continuaram a sair à bola em pressão, quando a restante equipa estava a aplicar contenção.

Mas a incapacidade dos gregos na definição dos lances foi deixando o jogo na mesma, até Bruma decidir que haveria mesmo Champions na Pedreira. Numa recuperação de bola em zona adiantada, houve quatro contra quatro e remate de Bruma na meia-esquerda.

De onde apareceu isto? Da tal predisposição minhota para ter vários jogadores na pressão à zona da bola. Plano que poderia ter custado caro, mas que acabou, por outro lado, por render muito dinheiro.

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