Aline Bei é a convidada do Encontro de Leituras de Setembro

A escritora brasileira, que já recebeu o Prémio São Paulo de Literatura, vai ao clube de leitura do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo, a 12 de Setembro, discutir Pequena Coreografia do Adeus.

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Aline Bei conversará com os leitores a 12 de Setembro Lorena Dini (montagem com duas das suas fotografias)
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Com obras de difícil classificação por género, por onde passa uma trajectória de dor, de perda e de violência, a escritora brasileira Aline Bei é a próxima convidada do clube de leitura do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de São Paulo.

A sessão do Encontro de Leituras, onde se discutirá Pequena Coreografia do Adeus, acontece a 12 de Setembro, às 22h em Lisboa (18h em Brasília), no Zoom, como habitualmente, e é aberta a todos os que queiram participar. A ID é a 820 7497 2849 e a senha de acesso 538972. Aqui fica o link.

Pequena Coreografia do Adeus é “uma obra de tremenda sensibilidade poética e que tem, ademais, uma estética própria, pois o texto está quase desenhado nas páginas, com ritmos e métricas próprios, teatrais”, conta ao PÚBLICO João Gonçalves, publisher do Grupo Infinito Particular que a edita em Portugal.

Este é o segundo livro da escritora, que já foi actriz e nasceu em São Paulo em 1987, mas o primeiro a ser publicado em Portugal. No Brasil, o romance saiu em 2021 pela Companhia das Letras. Por cá, foi editado este ano na Particular e está nas livrarias desde Julho.

“Aline Bei faz do abandono uma dança poética em Pequena Coreografia do Adeus”, escreveu o El País Brasil sobre esta obra que foi finalista do Prémio Jabuti em 2022. Júlia Terra, filha de Vera e de Sérgio, é a narradora de um livro que nos leva até à sua infância e adolescência, ao divórcio dos pais, ao conflito com a mãe, à violência física (“as surras que eu levava/ eram as surras que minha mãe levou/ em looping/ na minha pele, na pele dos filhos que ainda não tenho./”), às aulas de ballet, e ao seu diário. E mais tarde, à época em que trabalha num café querendo ser escritora.

Aline Bei, como escreveu a académica Luisa Destri na Folha de São Paulo, nos seus livros, “retrata as adversidades vividas por mulheres e as diferentes maneiras como as personagens souberam ou não se livrar da subjugação.”

Com um livro anterior, O Peso do Pássaro Morto, onde a autora se inspirava num episódio que lhe marcou a infância, Aline Bei ganhou o Prémio São Paulo de Literatura em 2018 na categoria de primeira obra de um autor com menos de 40 anos.

Esse seu primeiro livro, publicado numa pequena editora brasileira, a Nós, não só teve elogios da crítica brasileira como vendeu mais de 32 mil exemplares. A rede de leitores que a própria escritora foi criando e cultivando nas redes sociais, nomeadamente no Instagram, ajudou a torná-lo um best-seller. Sairá em Portugal também pela editora Particular.

“A sonoridade de Aline é a de quem aprendeu que não existe ritmo sem pausa. Nem na cena, nem no texto. Quase uma epopeia de factos quotidianos, seus versos não fazem poema”, escreveu Carolina Maingué Pires na revista Quatro Cinco Um a quem a Aline Bei falou da importância que teve para ela durante a escrita deste livro a descoberta de Café Müller, espectáculo da coreógrafa alemã Pina Bausch, apresentado pela primeira vez em 1978.

Aline Bei, que é formada em Letras pela Universidade Católica de São Paulo e também em Artes Cénicas pela teatro-escola Célia Helena, começou a dedicar-se à literatura quando estava ainda a estudar (fez uma oficina de literatura com o premiado escritor e editor Marcelino Freire). Escrevia textos no Facebook, também num blogue e fazia performances literárias, espalhando poesia pela cidade.

Há já mais de dois anos que o Encontro de Leituras junta uma vez por mês leitores de língua portuguesa e discute romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário na presença de um escritor ou especialista convidado. É moderado pela jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e pelo jornalista da Folha de S. Paulo Eduardo Sombini, apresentador do Ilustríssima Conversa, podcast de livros de não-ficção do jornal brasileiro.

Os melhores momentos de cada sessão podem ser ouvidos no podcast Encontro de Leituras.

Já participaram do Encontro de Leituras os escritores Ruy Castro, Miguel Sousa Tavares, Matilde Campilho, Simone Duarte, Rafael Gallo, Geovani Martins, João Paulo Borges Coelho, Francisco José Viegas, Pilar del Río, Luís Cardoso, Rui Tavares, Andréa del Fuego, Dulce Maria Cardoso, Julián Fuks, Yara Nakahanda Monteiro, Paulo Scott, Benjamin Moser (o biógrafo de Susan Sontag), Fernanda Miranda e Tom Farias (especialistas na obra de Carolina Maria de Jesus), Ana Luísa Amaral, Giovana Madalosso, Paulina Chiziane, José Eduardo Agualusa, Tatiana Salem Levy, Afonso Cruz, Laurentino Gomes, Fernanda Torres, Afonso Reis Cabral, Jeferson Tenório, Marília Garcia, José Luís Peixoto, Nádia Battella Gotlib (biógrafa de Clarice Lispector), Valter Hugo Mãe e Ondjaki.

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