França vai proibir o uso de abaya nas escolas, anuncia ministro

Ministro da Educação pretende dar “regras claras a nível nacional” aos directores das escolas sobre o uso deste vestido longo tradicional ou túnica que cobre todo o corpo.

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O minitro da educação francês, Gabriel Attal REUTERS/Sarah Meyssonnier

O ministro da Educação francês, Gabriel Attal, anunciou este domingo que será proibido usar abaya nas escolas em França, afirmando pretender dar "regras claras a nível nacional" aos dirigentes dos estabelecimentos escolares. "Não será possível mais usar abaya na escola" em França, afirmou Gabriel Attal.

Questionado sobre este tema polémico depois de incidentes relacionados com o uso desta peça, um vestido longo tradicional ou túnica que cobre todo o corpo, o ministro anunciou no canal de televisão TF1 que gostaria de falar, "a partir da próxima semana", com os responsáveis dos estabelecimentos escolares para ajudá-los a fazer cumprir esta proibição.

"A laicidade é a liberdade de emancipar-se através da escola", insistiu o ministro.

Após a sua nomeação para a tutela do Ministério da Educação nacional e Juventude no final de Julho, o governante considerou que ir à escola vestindo uma abaya era "um gesto religioso destinado a testar a resistência da República sobre o santuário secular que deveria ser a escola", prometendo ser "firme sobre o assunto".

"Entramos numa sala de aula [e] não devemos ser capaz de identificar a religião dos alunos olhando para eles", afirmou novamente o ministro, na TF1.

A questão do uso da abaya, que não é um símbolo religioso muçulmano segundo o Conselho Francês para o Culto Muçulmano (CFCM), já tinha sido objecto de uma circular do Ministério da Educação em Novembro último.

Nessa circular, as abayas são consideradas - assim como as bandanas e as saias longas, também citadas - como trajes que podem ser proibidos se forem "usados de forma a manifestar ostensivamente uma filiação religiosa". Mas os responsáveis dos estabelecimentos de ensino aguardavam regras mais claras sobre este assunto face ao recrudescimento dos incidentes.

Segundo uma nota dos serviços do Estado, da qual a AFP obteve uma cópia, os ataques ao secularismo, muito mais numerosos desde o assassinato em 2020, perto do seu colégio, do professor Samuel Paty, aumentaram 120% entre o ano lectivo 2022/2023 e 2021/2022. Desde Março de 2004 que "é proibido o uso de sinais ou trajes pelos quais os alunos demonstrem ostensivamente filiação religiosa nas escolas, faculdades e liceus públicos ".