Um museu construído na Albânia na década de 1980 para homenagear o ditador comunista Enver Hoxha está a ser transformado num centro tecnológico para jovens, eliminando um último vestígio do passado isolado e repressivo do país.
Em tempos, o edifício exibia objectos pessoais e enormes fotografias de Hoxha, que isolou a Albânia do mundo exterior durante 40 anos sob um duro regime estalinista, expandindo a alfabetização e os cuidados de saúde, mas deixando a maioria dos albaneses numa situação de pobreza generalizada.
Agora, o ex-museu, redesenhado pelo arquitecto holandês Winy Maas, prepara-se para receber centenas de jovens albaneses interessados em receber formação em tecnologia e programação — parte do esforço do governo para estreitar os laços com a União Europeia.
Os arquitectos originais, que incluíam a filha de Hoxha, Pranvera, desenharam o edifício em forma de pirâmide, glorificando o líder como um faraó de estilo egípcio. O museu ficou concluído em 1988, três anos após a morte de Hoxha e dois anos antes da queda do regime comunista fechado, que deu lugar à democracia. Leon Cika, um dos curadores originais do museu, disse que, na altura em que foi concluído, quando os regimes dominados pelos soviéticos em toda a Europa de Leste começavam a desmoronar-se, sentiu que seria "a última pá para os monumentos ao comunismo" na Albânia.
De facto, após o colapso anárquico do comunismo na nação do sul dos Balcãs, os flancos piramidais do edifício, preservados na renovação, foram utilizados pelas crianças como escorrega, na ausência de parques infantis. O exterior renovado e circular é composto por escadas que os visitantes locais e estrangeiros sobem para ter uma vista panorâmica da capital, Tirana, que evoluiu para uma cidade moderna e movimentada.
O interior cubista apresenta o que parecem ser conjuntos de contentores empilhados, que servirão de salas de aula, subindo vários andares até à cúpula de vidro original.
Durante anos, os albaneses estiveram divididos quanto à forma de adaptar o edifício à sua democracia em desenvolvimento. Alguns, amargurados com o legado repressivo de Hoxha, exigiam que fosse arrasado, enquanto outros queriam preservá-lo como um ícone arquitectónico.
Nos anos seguintes, acolheu uma discoteca, uma estação de televisão e até funcionários da NATO durante a intervenção da aliança para travar a guerra no vizinho Kosovo, em 1999. "Era um monumento arquitectónico como nenhum outro", diz Ilda Qazimllari, director de investimentos do gabinete do presidente da Câmara de Tirana. "Por outro lado, a ideia inicial era ter um mausoléu para celebrar (Hoxha) e foi por isso que as pessoas quiseram apagar o único símbolo que restou dos tempos comunistas."