O governo do Equador vai honrar o resultado do referendo para bloquear as operações petrolíferas na Amazónia, que prevê a remoção dos equipamentos no prazo de um ano, informou o governo na quinta-feira.
No último domingo, quase 59% dos eleitores apoiaram a suspensão das operações petrolíferas no bloco 43-ITT, num referendo nacional a favor da protecção da reserva Yasuni que coincidiu com a primeira volta das eleições presidenciais.
O bloco 43-ITT produz cerca de 58 mil barris por dia.
O Conselho Nacional Eleitoral, contudo, ainda não publicou os resultados oficiais. "Assim que os resultados do referendo forem oficializados e publicados, o governo acatará a decisão", afirmou o executivo em comunicado.
A empresa petrolífera estatal Petroecuador deve proceder à retirada "progressiva e ordenada" de todas as actividades petrolíferas do bloco no prazo de um ano, respeitando uma decisão do Supremo Tribunal do Equador anterior ao referendo.
A Petroecuador afirmou que uma votação para acabar com a exploração em Yasuni custaria ao Equador cerca de 13,8 mil milhões de dólares (cerca de 12,8 mil milhões de euros) nas próximas duas décadas e resultaria na perda de 12% da produção de petróleo do país, actualmente de 480 mil barris por dia.
O ministro da Energia, Fernando Santos, disse ao canal de televisão Ecuavisa que as operações de desmantelamento do bloco custariam cerca de 600 milhões de dólares (cerca de 555 milhões de euros).
"Enquanto o processo de desmantelamento não estiver concluído, continuaremos a produzir crude", disse Santos, sublinhando que a Petroecuador tem agora um ano para suspender as actividades. "Não se trata de apagar a luz de um dia para o outro."
O encerramento da exploração será uma tarefa para o próximo presidente do Equador, que substituirá o presidente cessante Guillermo Lasso após a segunda volta das eleições, agendadas para Outubro.
De acordo com o CNE, a maioria dos eleitores das províncias amazónicas de Orellana e Sucumbios - onde se encontra a indústria petrolífera do país - apoiou a continuação do desenvolvimento de projectos petrolíferos na região.
Yasunidos, o colectivo que promoveu o referendo há dez anos, anunciou que vai apelar ao Supremo Tribunal do Equador para fazer cumprir a decisão sobre o prazo de encerramento e o resultado do referendo.