Mais de 90% dos médicos internos em greve no segundo dia da paralisação, diz sindicato
A informação é disponibilizada apenas pelo Sindicato Independente dos Médicos, responsável pela convocação da greve. Ministério da Saúde não se pronunciou.
Os internos representam cerca de um terço dos médicos do Serviço Nacional de Saúde e, de acordo com os dados do sindicato que convocou a primeira greve nacional destes profissionais em formação, a adesão desta quinta-feira superou "a expressiva adesão de ontem acima dos 80%".
Nesta quinta-feira, ao início da tarde, Roque da Cunha, médico e presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), calculou em 91% a adesão neste segundo dia. Também contactado, o gabinete de imprensa do Ministério da Saúde disse que não se pronuncia sobre dados da greve.
A confirmarem-se os cálculos do sindicato, terão aderido a esta paralisação cerca de 9000 internos, uma vez que o total de internos no SNS é de cerca de 10 mil, repartidos entre os 8000 que são internos de formação específica e os 2200 que são internos de formação geral. Esses 10 mil representam cerca de um terço dos 33 mil médicos no SNS.
“Estamos com uma adesão de 91% a nível nacional, sendo esta percentagem uma média, já que em alguns serviços do [Hospital] Santa Maria [em Lisboa] ou na unidade local de Matosinhos a adesão foi de 100%”, acrescentou ao PÚBLICO Roque da Cunha, que, no primeiro dia desta greve (quarta-feira) já dissera que a paralisação estava a sentir-se tanto na parte hospitalar como nos cuidados de saúde primários, cuja adesão foi extensiva entre todos e não apenas nos sindicalizados.
"Importante sinal" dado ao Governo
O presidente deste sindicato não revela o universo dos seus associados por este ser constituído por "números muito variáveis", mas garante que "são muitos". E atribui a menor adesão em Lisboa, de cerca de 85%, relativamente à média (um pouco acima dos 90%) a uma "maior assertividade nos pedidos que são feitos aos médicos em Lisboa para não aderirem à greve, já que as equipas estão depauperadas".
Roque da Cunha realça a importância da greve, que termina esta quinta-feira à meia-noite, enquanto "sinal dado pelos internos que seja também entendido por parte do Ministério [da Saúde] como uma necessidade de serem criadas condições para o seu trabalho”. Recorda que muitas vezes os internos “substituem os próprios especialistas, sobretudo nas escalas de urgência”, e relembra que o SIM reivindica a integração do internato médico no "primeiro patamar da carreira médica".
Nestes dois dias de uma primeira greve de internos, foram cumpridos os serviços mínimos. No acordo colectivo de trabalho, enquanto médicos, estão perfeitamente identificados os serviços mínimos em determinados serviços, explicou Roque da Cunha. “Não tivemos nenhuma indicação de que tenha havido problemas no seu cumprimento."