Morreu Casimiro Ribeiro, revolucionário de Abril e ex-membro da LUAR

Vimaranense, homem de cultura e do associativismo. Participou no Maio de 68, em Paris, e pertenceu à LUAR com a consciência de que esta “não se limitava a distribuir panfletos”.

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José Casimiro Ribeiro DR
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José Casimiro Martins Ribeiro, vimaranense opositor ao regime do Estado Novo, morreu esta terça-feira, 22 de Agosto, aos 83 anos. Homem de cultura e do associativismo, participou no Maio de 68 e pertenceu à LUAR com a consciência de que esta “não se limitava a distribuir panfletos”.

Chega a Paris em 1963 como desertor da Guerra Colonial. Na capital francesa, estudou Línguas e Civilização Francesas, na Sorbonne, e desenho de construção civil na École de Travaux Publique.

Foi feliz no Maio de 68. “Para um jovem, vindo de um país oprimido e fortemente policiado, participar no Maio de 68 foi realizar o irrealizável”, recorda no livro Guimarães, Daqui Houve Resistência organizado por César Machado e publicado pelo Cineclube de Guimarães.

Depois de participar na revolução cultural, Casimiro Ribeiro quis participar na política: transformou as convicções em certezas e decidiu que era altura de se entregar à luta pela liberdade do seu país.

Adere então à LUAR – Liga de Unidade e Acção Revolucionária, juntando o seu nome aos de Camilo Mortágua ou Palma Inácio, como recorda o seu conterrâneo César Machado no obituário que lhe dedica no jornal Mais Guimarães.

“Tinha consciência de que a LUAR não se limitava a distribuir panfletos. A luta armada fazia-se com armas e com meios. Ainda assim, sempre com o princípio de não matar”, lembra Casimiro Ribeiro no livro já mencionado.

Em 1973, é preso pela PIDE, juntamente com Palma Inácio. Vai parar a Caxias, onde é torturado. Libertado na sequência do 25 de Abril, aproveita os ares de liberdade para se concentrar no associativismo e na vida cultural de Guimarães.

Entre outras aventuras — promoveu concertos com Zeca Afonso, José Mário Branco e Carlos do Carmo, combatendo o que dizia ser o “marasmo” na vida cultural da cidade, como escreve o Jornal de Guimarães —, ajudou na organização da primeira edição do Guimarães Jazz, em 1992, através da Associação Convívio, e foi dirigente do Centro Infantil e de Cultura Popular.

Nascido em 1940, sofria de “doença grave há alguns anos”, explica a mesma publicação, que acrescenta que o seu corpo foi encontrado sem vida na sua casa.

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