Irão e Arábia Saudita entre os novos membros dos BRICS
O bloco aceitou a entrada de seis países dos 22 que haviam formalizado a candidatura. Argentina, Egipto, Etiópia e Emirados Árabes Unidos também entram no grupo que quer defender o Sul Global.
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, anunciou esta quinta-feira a entrada da Argentina, Egipto, Etiópia, Irão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos no grupo das denominadas economias emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
“Decidimos convidar a República da Argentina, a República Árabe do Egipto, a República Federal da Etiópia, a República Islâmica do Irão, o Reino da Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, para serem membros de pleno direito, efectivo a partir de 1 de Janeiro de 2024”, anunciou.
O líder sul-africano falava em conferência de imprensa conjunta, em Sandton, sobre o resultado das deliberações da 15.ª cimeira de chefes de Estado e de Governo dos BRICS, que esta quinta-feira terminou, em Joanesburgo, África do Sul.
Ramaphosa disse que os líderes BRICS adoptaram a declaração “Joanesburgo II” da 15.ª Cimeira dos BRICS.
O bloco representa actualmente mais de 42% da produção mundial e deve mudar a economia mundial até 2030, sendo os maiores parceiros comerciais de África. Apesar de não quererem rivalizar com o G7, como afirmou o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, os BRICS pretendem ganhar uma voz mais importante em termos internacionais.
Nos últimos dois dias, os líderes dos cinco países estiveram envolvidos em conversações sobre vários temas, incluindo o reforço da cooperação em matérias de segurança, energia, comércio, economia e questões sociais.
A Rússia, que também integra o bloco, esteve representada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov. Tendo em conta o mandado de captura internacional que foi emitido contra o Presidente russo, Vladimir Putin.
Cerca de 1500 líderes empresariais de vários países participaram no fórum empresarial do bloco, segundo o Presidente sul-africano.
Falando na cimeira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que há hoje uma nova ordem multipolar em curso, com a invasão da Ucrânia pela Rússia como um dos factores de “divisões” e “tensões” entre países.
“Perspectivas divergentes sobre as crises globais, abordagens contrastantes às ameaças não tradicionais à segurança, estratégias diferentes em relação às novas tecnologias e, claro, as consequências da covid-19 e da invasão da Ucrânia pela Rússia”, enumerou Guterres.
Referindo que sendo este “um momento para nos unirmos e trabalharmos juntos”, o que vemos é que “as divisões estão a crescer e as tensões estão a aumentar”, alertou, antes de dizer: “Continuo profundamente preocupado com o risco de uma ruptura da ordem global, estamos a entrar num mundo multipolar.”
O secretário-geral da ONU insistiu que “o nosso mundo está numa situação difícil”, afirmando que a humanidade enfrenta “desafios existenciais” desde o agravamento da emergência climática e a escalada dos conflitos até à crise global do custo de vida, ao aumento das desigualdades e às dramáticas perturbações tecnológicas.