Em entrevista à Bloomberg TV, em Jackson Hole, nos Estados Unidos da América (EUA), o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, reiterou esta quinta-feira que a decisão que irá sair da próxima reunião do Banco Central Europeu (BCE), em Setembro, estará dependente dos dados económicos.

“Dependemos dos dados nas nossas decisões. Ainda há muitos dados a serem disponibilizados até à decisão de Setembro. Temos uma nova previsão e essa previsão dir-nos-á precisamente como vemos a transmissão das nossas decisões para a inflação e para a economia e decidiremos em Setembro”, disse.

Mário Centeno recordou que os riscos descendentes identificados pelo BCE, nas previsões de Junho, “materializaram-se”.

“Isto deve-se, em parte, ao facto de a transmissão da política monetária estar em pleno funcionamento”, considerou, acrescentando ser necessário ter isso “em conta” nas decisões do BCE.

O governador do BdP defendeu ainda ser “importante ter em mente que a inflação tem vindo a cair mais rápido do que subido”. “Tivemos sucesso na nossa missão até agora. Provavelmente é muito cedo para considerar isso uma vitória, mas certamente teremos de nos concentrar nesses números”, realçou.

Para Mário Centeno, é preciso “compreender que a política monetária necessita de ser um estabilizador da economia”. “Precisamos de ser cautelosos. Acho que fomos comedidos e razoáveis nas nossas decisões”, salientou.

Questionado sobre a deflação na China, Centeno considerou ser “um sintoma das decisões que foram tomadas pelas autoridades chinesas que não proporcionaram estabilidade à economia chinesa durante todos estes anos muito difíceis”.

“A Europa tem dado, na minha opinião, as respostas mais adequadas aos desafios que enfrentamos, e é por isso que, desta vez, a Europa não é apontada como fonte de qualquer tipo de problema no mundo globalmente”, disse.

O governador do BdP está em Jackson Hole onde arranca esta sexta-feira o tradicional simpósio da Fed, que se estende até ao dia 26 de Agosto.