Sete recordes de temperatura em Portugal nos últimos dois dias

Terça e quarta-feira foram dos dias mais quentes de Portugal Continental desde 2008. Em Pinhão, a temperatura máxima superou o recorde de 1943. Sete estações atingiram máximos históricos.

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Tomar, que superou os 45 graus centígrados, foi uma das setes localidades em que foi batido o respectivo recorde absoluto de calor Sara Jesus Palma
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Os dias 22 e 23 de Agosto foram, respectivamente, o quinto e sexto dias mais quentes dos últimos 15 anos em Portugal Continental, anunciou esta quinta-feira o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Foram ultrapassados ou igualados os máximos históricos em sete estações meteorológicas — Tomar com 45,4ºC, Cabeceiras de Basto com 43,5ºC, Nelas com 42,8ºC, Viseu com 41,1ºC, Trancoso com 40,1ºC, Luzim com 39,8ºC e Montalegre com 37,5ºC. No total, 20 estações registaram máximos de Agosto da temperatura máxima na última terça-feira.

No dia seguinte, atingiram-se novos máximos da temperatura mínima para este mês em quatro estações — Viseu, Vila Real, Vinhais e Lamas de Mouro.

Segundo o IPMA, ainda antes do fenómeno que se registou esta semana, o dia 7 de Agosto também já tinha sido um dia muito quente: a temperatura máxima foi, em média, inferior em 1°C ao dia 22 e semelhante ao dia 23. É, por isso mesmo, o oitavo dia com maior valor médio da temperatura máxima nos últimos 15 anos.

Nos registos das temperaturas médias diárias no país desde 2008, só os quatro dias entre 2 e 5 de Agosto de 2018 conseguiram ser mais quentes que a passada terça-feira e quarta-feira: de acordo com os meteorologistas, os valores médios da temperatura média nos últimos dois dias foram de 29,35°C e 28,76 °C.

Mesmo os extremos de temperatura desafiaram as medições meteorológicas esta semana: os dias 22 e 23 de Agosto entraram para a quinta e para a 10.ª posição na lista dos dias com o maior valor médio da temperatura máxima. Também registaram o oitavo e o 11.º maior valor médio da temperatura mínima de que há registos em Portugal Continental.

No dia 22, metade do território de Portugal Continental registou valores de temperatura máxima do ar iguais ou superiores a 40ºC — e, em 15% do território, os termómetros chegaram a estar acima dos 42ºC. Na verdade, só cinco estações meteorológicas registaram temperaturas inferiores a 30ºC: Cabo Carvoeiro, S. Pedro Moel, Santa Cruz, Cabo da Roca e Cabo Raso.

Além das sete estações que, na terça-feira, alcançaram máximos históricos, outras 13 nunca tinham medido temperaturas tão elevadas em Agosto: Pinhão com 45,6ºC (a temperatura mais elevada antes desta eram os 44ºC registados há 80 anos, em 1943), Lousã com 45,3ºC, Mirandela com 43,8ºC, Ansião com 43,4ºC, Moimenta da Beira com 42,5ºC, Chaves com 42,4ºC, Macedo de Cavaleiros com 41,5ºC, Vila Real e Miranda do Douro com 40,8ºC, Carrazeda com 40,7ºC, Bragança com 40,6ºC, Mogadouro com 40ºC e Vinhais com 39,9ºC.

Na quarta-feira, a percentagem de Portugal Continental que teve temperaturas máximas iguais ou superiores a 40ºC diminuiu para os 40%. Houve 6% do território com temperaturas superiores a 42ºC e 70% com mais 35ºC. Desta vez, foram sete as estações com medições abaixo dos 30ºC: além daquelas cinco, também Almada e Viana do Castelo entraram para a lista.

Segundo o IPMA, estas temperaturas estão relacionadas com a passagem de uma massa de ar quente e seco com origem no norte de África, que chegou a Portugal por causa de um anticiclone localizado sobre o Golfo da Biscaia e de uma depressão centrada no sul da Península Ibérica, e da situação de seca que o território continental já estava a atravessar. São "condições meteorológicas semelhantes" às que se registaram em 2018, quando se registaram as temperaturas mais elevadas dos últimos 15 anos — só que, nessa época, elas ocorreram durante mais tempo.