Palmeira roubada em Cascais tinha GPS e foi detectada em casa de militar da GNR
Depois de uma onda de roubos de várias espécies arbóreas, os responsáveis da câmara municipal puseram identificadores GPS em algumas espécies mais valiosas.
A polícia municipal de Cascais detectou, na tarde da última terça-feira, uma palmeira que tinha sido roubada na Av. 25 de Abril e na qual tinha sido posto um localizador GPS. A árvore foi encontrada na Aldeia do Juzo, numa casa que pertencia a um militar da GNR, que alegou ter encontrado a árvore no lixo. Ainda assim, a polícia municipal e os serviços jurídicos da autarquia abriram um inquérito, que está em curso.
A Av. 25 de Abril é uma das principais vias da vila cascalense. A rua tem cerca de um quilómetro, começa na Av. Infante D. Henrique e termina na rotunda junto ao mercado. Há cerca de um ano, os responsáveis da Câmara Municipal de Cascais (CMC) avançaram com obras de requalificação da maior parte da via. O trânsito foi reorganizado para garantir maior fluidez, o que levou à instalação de uma nova rotunda, à construção de um separador central largo e ajardinado e à requalificação dos passeios, que também foram ajardinados.
Segundo Piteira Lopes, vereador das obras municipais da autarquia, a CMC investiu na obra cerca de 350 mil euros, dos quais cerca de 70 mil foram para os espaços verdes, tendo a autarquia plantado “várias centenas de espécies arbóreas em todas as zonas ajardinadas, nomeadamente palmeiras jovens com menos de dois metros de altura”.
“Passado pouco tempo da requalificação, os funcionários da autarquia notaram que tinham sido roubadas várias espécies arbóreas, nomeadamente palmeiras, bem como programadores de rega”, contou ao PÚBLICO Piteira Lopes.
Há menos de três meses, os responsáveis da autarquia liderada por Carlos Carreiras (PSD) decidiram plantar novas plantas e árvores para substituir as que tinham sido roubadas. Só que desta vez puseram localizadores GPS em algumas das espécies mais valiosas, como as palmeiras, bem como em alguns programadores de rega.
Os roubos continuaram e, na tarde de terça-feira, os responsáveis da autarquia aperceberam-se que uma das palmeiras roubadas recentemente tinha um cartão localizador.
“A palmeira estava numa casa na Aldeia do Juzo. A polícia municipal e membros do gabinete jurídico detectaram e recuperaram a palmeira que estava na casa de um homem que se identificou como sendo militar da GNR”, revelou Piteira Lopes. O homem, conta ainda, “alegou ter encontrado a palmeira no lixo”.
“Como se tratava de um bem público com valor de 120 euros, a polícia municipal instaurou um inquérito, como dita a lei, que está em curso”, acrescentou o autarca.
Piteira Lopes diz que a decisão de pôr localizadores GPS em algumas árvores e em programadores de rega “tem, acima de tudo, um factor pedagógico”: “É bom que as pessoas, quando cometem este tipo de crimes, tenham a noção que podem ser rapidamente detectadas pela polícia.”
Piteira Lopes diz que este tipo de crimes “são graves por variadas razões”. Uma delas é que as palmeiras e os programadores de relva “têm bom valor no mercado e podem vir a ser instalados num jardim privado sem o que o seu proprietário saiba que se trata de um artigo roubado”.
“Consideramos que esta primeira identificação foi um sucesso, porque em menos de três meses conseguimos recuperar uma das palmeiras roubadas. Seguramente que, se este tipo de roubos de um património que é de todos não parar, outras identificações serão feitas”, disse ainda o vereador.
Os responsáveis pela autarquia estão neste momento a estudar a possibilidade de instalar localizadores GPS em alguns contadores, como os da água e da luz, por exemplo, uma vez que são igualmente alvo de roubos.
“Acções como esta de colocar localizadores GPS é também um sinal de que Cascais está na frente como Smart City [cidade inteligente]”, concluiu o vereador.