Em meio ano, emigrantes enviaram quase 2000 milhões em remessas para Portugal
Portugal continua a ter um saldo positivo entre as remessas recebidas e as enviadas. Quantias remetidas pelos emigrantes para familiares em Portugal subiram 4% de Janeiro a Junho.
Os emigrantes portugueses enviaram quase 2000 milhões de euros em remessas para Portugal nos seis primeiros meses do ano, mais 83 milhões do que no mesmo período de 2022. O crescimento homólogo (de 1887 milhões para 1969 milhões) foi de 4,3%, mostram as estatísticas mais recentes do Banco de Portugal, actualizadas na segunda-feira.
Logo no primeiro trimestre, de Janeiro a Março, o volume das transferências chegou aos 981 milhões, o que já representava um aumento de 4% em relação ao período homólogo e, nos três meses seguintes, de Abril a Junho, a tendência confirmou-se, com o valor das transacções a subir para 988 milhões, crescendo 4,8% na comparação homóloga.
Nos últimos três meses de 2022, verificou-se um pico nas remessas dos emigrantes, quando o valor dos envios para Portugal chegou aos mil milhões de euros, algo que não acontecia, a nível trimestral, desde 2001 — o registo histórico do banco central, que permite recuar até 1996, mostra que esse marco histórico só ocorreu trimestralmente em quatro momentos: nos Verões de 1999, 2000 e 2001 (sempre no terceiro trimestre, de Julho a Setembro) e, agora, na época do Outono e do Natal de 2022 (no quarto trimestre, de Outubro a Dezembro).
Julho e Dezembro são justamente os meses em que os emigrantes portugueses mais enviam quantias para as famílias que permanecem em Portugal (segundo refere o Banco de Portugal numa explicação publicada no seu site) e foi o que se verificou também nestes casos.
Entretanto, no primeiro trimestre deste ano, se olharmos para a evolução em cadeia, há um recuo no volume das remessas recebidas em relação à fase final de 2022 (porque não se repetiu o pico de transacções na ordem dos mil milhões), mas, quando se faz a comparação homóloga, para medir tendências em relação aos primeiros meses de 2022, verifica-se que o ritmo das remessas está a aumentar em 2023, facto que sucedeu não apenas no primeiro trimestre como no segundo, de Abril a Junho.
Os dados do Banco de Portugal disponibilizados neste momento não detalham a origem geográfica das remessas destes primeiros trimestres de 2023. Em 2022, quem mais enviava dinheiro para Portugal eram os emigrantes portugueses em França, na Suíça e no Reino Unido (neste leque estão, respectivamente, as duas maiores comunidades de residentes portugueses no estrangeiro e a quarta).
Em 2021, o Reino Unido já se encontrava na terceira posição de origem das remessas, mesmo sendo a quarta maior comunidade, facto que, como sublinha um relatório do Observatório da Emigração e da Rede Migra, elaborado por cinco investigadores do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), “comprova a importância que este país adquiriu como principal destino da emigração portuguesa no período pós-crise económica”.
Quantias de imigrantes em alta
Relativamente às remessas dos imigrantes — quantias enviadas pelos cidadãos estrangeiros que vivem e trabalham em Portugal para a família que reside no estrangeiro —, os dados do banco central mostram que o volume de envios também está a crescer.
A diferença entre os créditos e os débitos (remessas recebidas e enviadas) é grande, havendo um volume muito superior de quantias que chegam à conta das famílias portuguesas do que a quantia enviada a partir de Portugal.
Ao todo, nos primeiros seis meses do ano, os imigrantes enviaram remessas no valor de 284,3 milhões de euros, o que representa um crescimento de 11,4% em relação ao período de Janeiro a Junho do ano passado, que foi de 255,3 milhões de euros.
O saldo continua a ser positivo para Portugal, com o valor trimestral a manter-se na ordem dos 1600 milhões de euros (no primeiro semestre foi de 1685 milhões, 3% acima do período homologo, em que foi de 1631 milhões).
Em 2022, no ano completo, o Brasil, a China e a França foram os três países para onde seguiu o maior volume de remessas. “Em 2010, os imigrantes brasileiros eram os que mais enviavam remessas para as suas famílias, seguidos pelos imigrantes ucranianos e chineses. No espaço de dez anos, os imigrantes chineses duplicaram o montante de remessas enviadas para o seu país de origem”, indica o Banco de Portugal, numa síntese publicada no seu site.