Universo de desempregados inscritos no IEFP aumentou em Julho para 284 mil

Centros de emprego registam 445,6 mil pedidos de emprego. Quase dois terços são de desempregados. No mês passado, inscreveram-se no IEFP 42 mil pessoas sem trabalho, mais 15% do que em Julho de 2022.

Foto
O número de desempregados há 12 meses ou mais, inscritos no IEFP, baixou em Julho Rita Franca
Ouça este artigo
00:00
04:56

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego aumentou 2,4% de Junho para Julho e está 2,5% acima do registo de Julho do ano passado. De acordo com as estatísticas mais recentes do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), actualizadas nesta segunda-feira, havia 284,3 mil cidadãos inscritos nos serviços de todo o país, mais 9588 do que no mês anterior e mais 9864 do que um ano antes.

Apesar do agravamento mensal e homólogo, o nível de desemprego contabilizado por este instituto “foi o segundo valor mais baixo” de um mês de Julho “desde que há registo”, fez saber o Ministério do Trabalho num comunicado emitido nesta segunda-feira. Este agravamento mensal, de Junho para Julho, interrompe a trajectória de diminuição que se verificava desde o início do ano. O desemprego estava a subir de forma progressiva na segunda metade do ano passado e em Janeiro de 2023 atingiu um pico de 322 mil desempregados inscritos, mas a partir daí houve uma descida de mês para mês, só agora interrompida.

Para esta evolução, explica o IEFP no relatório estatístico, “contribuíram os inscritos há menos de 12 meses”, já que, em sentido inverso, “há uma diminuição dos inscritos” nos ficheiros dos serviços de emprego há um ano ou mais tempo.

A nível regional, só os Açores e a Madeira foram uma excepção, com o desemprego a recuar 16,5% e 26,6%, respectivamente, em termos homólogos, comparando com Julho de 2022. De resto, registou-se um agravamento nas outras regiões, com especial ênfase no centro, onde o aumento mensal se aproximou dos 9%.

Já em termos mensais, olhando para as variações de Junho para Julho, houve uma diminuição do número de inscritos tanto nas duas regiões autónomas, como no Algarve. Nas restantes observou-se um aumento, de forma mais expressiva no Norte e no Alentejo, com aumentos de 5% e 4,8% respectivamente.

Nos dois anos anteriores, em 2021 e 2022, assistiu-se a uma quebra no número de desempregados inscritos de Junho para Julho, ao contrário do que aconteceu este ano, em que se verificou um aumento. Embora o agravamento mensal não seja inédito (também aconteceu em 2020), tem sido incomum nesta altura do Verão entre estes dois meses (nos anos anteriores a 2020, houve sempre uma diminuição mensal nestes períodos pelo menos desde 2013, de acordo com os dados estatísticos publicados pelo IEFP).

Os dados divulgados todos os meses pelo instituto ajudam a perceber a evolução do mercado de trabalho, embora os dados oficiais que permitem calcular as taxas de emprego e desemprego sejam divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que, em relação a Julho, divulgará uma primeira estimativa no fim deste mês, a 30 de Agosto. Em Junho, mesmo tendo havido uma quebra no número de desempregados inscritos no IEFP em termos absolutos face a Maio, a taxa de desemprego calculada pelo INE manteve-se estável, nos 6,4%.

Em Portugal continental, os trabalhadores não qualificados representam a maior percentagem de cidadãos inscritos no IEFP (27,3%), seguindo-se os trabalhadores dos serviços pessoais, de protecção e segurança e vendedores (19,6%), pessoal administrativo (11,9%) e especialistas das actividades intelectuais e científicas (10,8%), indica o IEFP na mesma síntese estatística.

Saídas e ofertas no imobiliário

Dos 245,9 mil desempregados inscritos nos serviços do IEFP do continente, quase três quartos “tinham trabalhado em actividades do sector dos ‘serviços', com destaque para as ‘actividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio’ (que representam 32,7%); 20,1% eram provenientes do sector ‘secundário’, com particular relevo para a 'construção’ (6,4%); ao sector ‘agrícola’ pertenciam 4,6% dos desempregados”.

O número de desempregados representa perto de dois terços do universo de pedidos de emprego colocados junto do IEFP. O relatório estatístico do instituto mostra que este número de pedidos se manteve praticamente estável de Junho para Julho (aumentou apenas 0,1% em termos mensais, de 445,3 mil para 445,6 mil; já em relação a Junho do ano anterior há uma quebra de 1%, face a 450,4 mil). Em Portugal continental, as ofertas de emprego recebidas ao longo de Julho concentraram-se nas “actividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio, que representaram 22% do total, no comércio por grosso e a retalho (14%), na administração pública, educação, actividades de saúde e apoio social (11%) e no alojamento, restauração e similares (11%)".

Ao todo, inscreveram-se nos serviços de emprego do continente e das duas regiões autónomas 42,2 mil desempregados, mais 3877 do que em Junho (uma diferença de 10%) e mais 5406 do que em Julho de 2022 (mais 15%).

Sugerir correcção
Ler 1 comentários