As medidas do Mais Habitação que já estão em vigor
Dos apoios ao arrendamento à bonificação de juros no crédito, há várias medidas do Mais Habitação que já estão em vigor. As outras vão ter de esperar, depois do veto de Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo Rebelo de Sousa vetou o Mais Habitação, uma decisão que vem apenas atrasar a entrada em vigor deste conjunto de medidas, tendo em conta que o Partido Socialista (PS) já fez saber que irá confirmar o diploma, na Assembleia da República, “tal como ele está”. Mas há outras medidas do pacote legislativo que não passaram por esta discussão parlamentar e que já estão em vigor há vários meses, abrangendo milhares de famílias.
O subsídio de renda e a bonificação de juros no crédito à habitação foram as primeiras a chegar ao terreno, por serem consideradas as mais urgentes para dar uma resposta imediata ao aumento dos custos com habitação. No caso do crédito à habitação, desde meados de Maio que as famílias com empréstimos até 250 mil euros contraídos até 15 de Março de 2023, que tenham rendimentos até ao sexto escalão de IRS e com uma taxa de esforço acima de 36% podem pedir, junto dos respectivos bancos, uma bonificação parcial de juros, de forma a mitigar o impacto da subida das taxas de juro. O valor anual máximo do apoio corresponde a um valor e meio do Indexante dos Apoios Sociais, ou seja, 720,65 euros.
Já no que diz respeito ao arrendamento, foram identificadas mais de 185 mil famílias elegíveis para receber o apoio extraordinário ao pagamento da renda, um subsídio no valor máximo de 200 euros por mês, atribuído por um período máximo de cinco anos, que é transferido automaticamente para os agregados familiares que tenham uma taxa de esforço superior a 35% no pagamento das rendas habitacionais e com rendimentos até ao sexto escalão de IRS. Ao todo, o Governo estima gastar 240 milhões de euros por ano com este apoio.
De fora desta medida ficaram milhares de outras famílias, que, tendo taxas de esforço superiores a 35% e rendimentos abaixo do limite estabelecido, não cumprem outros critérios. O caso que tem sido mais discutido é o de famílias com taxas de esforço superiores a 100%, isto é, que têm uma renda superior aos rendimentos declarados, uma situação que pode ser explicada por diversos factores, como o recurso a ajuda de familiares ou a utilização de poupanças. A ministra da Habitação, Marina Gonçalves, já admitiu que estes casos estão a ser analisados e que algumas destas famílias, inicialmente excluídas, poderão vir a ser abrangidas pelo apoio.
Para além deste, há ainda outro apoio directo ao arrendamento, já existente há vários anos, mas que sofreu alterações no âmbito do Mais Habitação: o Porta 65, que passou a ser de acesso contínuo durante todo o ano e não sujeito a quatro períodos de candidatura por ano, como acontecia até recentemente, e que foi alargado a outros tipos de beneficiários. Desde o passado mês de Julho que os jovens até aos 35 anos podem candidatar-se ao programa de apoio ao arrendamento durante todo o ano, enquanto as famílias monoparentais ou que sofram perdas de rendimentos superiores a 20% têm agora o Porta 65+.
Há também o programa Arrendar para Subarrendar, através do qual o Estado pode arrendar casas a proprietários privados, para, depois, subarrendá-las a preços mais acessíveis do que aqueles que são praticados no mercado. Este programa destina-se a famílias com rendimentos até ao sexto escalão da tabela de IRS, sendo dada prioridade às candidaturas feitas por jovens até aos 35 anos, famílias monoparentais e famílias que tenham sofrido uma quebra de rendimentos superior a 20%.
No mês passado, a ministra da Habitação adiantou que, até àquela data, tinham sido colocadas 320 casas na bolsa do programa Arrendar para Subarrendar. Contudo, a larga maioria destas estava fora da esfera privada, ao contrário do que era pretendido pelo Governo: 220 são casas do Instituto Financeiro da Segurança Social e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, enquanto as outras 100 são de privados. Ainda assim, lembrou a ministra, este é um “primeiro momento do programa” e o Governo acredita que o mesmo será “robustecido ao longo do tempo”.