O contra-relógio da vida de Stüssi deu-lhe o maior título da carreira

Suíço confirmou em Viana do Castelo a consistência que revelou no último terço da Volta a Portugal. E segurou a camisola amarela.

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Stüssi durante o contra-relógio, em Viana LUSA/NUNO VEIGA
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A festa do ciclismo misturou-se neste domingo com as Festas d’Agonia, em Viana do Castelo, onde Colin Stüssi (Vorarlberg) defendeu com sucesso a camisola amarela com que chegou ao derradeiro dia da corrida. O suíço de 30 anos confirmou, no Minho, a maior vitória da carreira, fechando o ciclo como o líder mais consistente de uma Volta a Portugal animada e marcada pela alternância.

Num contra-relógio de 18,2 quilómetros, a acabar no cimo de Santa Luzia, o trio da frente era aquele que acalentava maiores esperanças de ganhar. Stüssi, o último a partir, começou a pedalar com 45 segundos de vantagem sobre Henrique Casimiro (Efapel) e um minuto em relação a Artyom Nych (Glassdrive). Nenhum deles tinha os predicados necessários para se assumir como verdadeiro candidato a ganhar a etapa, mas impunha-se saber de que forma o suíço conseguiria defender-se.

Mauricio Moreira (Glassdrive), um dos especialistas no “crono”, liderou a etapa durante largos minutos — mesmo tendo ficado afastado da discussão pela amarela na etapa da Serra da Estrela —, mas seria Txomin Juaristi (Euskaltel) o mais rápido do dia, com o tempo de 24m56,37s. Uma marca inacessível para a concorrência — e isso incluía os candidatos ao triunfo — que serviu para oferecer ao espanhol uma espécie de prémio de consolação. “Vim para ganhar uma etapa. Esta era a última oportunidade e dei tudo”.

Quem também deu tudo foi Colin Stüssi, que cedo terá percebido que o ritmo que adoptou seria suficiente para se colar ao sonho de ganhar pela primeira vez fora de portas. Acabou a 26,18 segundos do vencedor, num prestigiante terceiro lugar que serviu ainda para se afastar um pouco mais da concorrência directa, oferecendo à Vorarlberg um final de luxo.

Um fã vestido como um viking aplaude os ciclistas durante a 5.ª etapa da 84.ª Volta a Portugal em Bicicleta, entre Mação e Covilhã. LUSA/NUNO VEIGA
O pelotão durante a 9ª etapa da 84ª Volta a Portugal em Bicicleta ao longo de 174,5Km entre Paredes e a Senhora da Graça, Mondim de Basto. LUSA/NUNO VEIGA
Famíliares de Joaquim Silva apoiam o ciclista na estrada em Penamacor. Na Volta a Portugal, as famílias participam na travessia do país para apoiar os atletas. LUSA/NUNO VEIGA
Um grupo de ciclistas percorre a Serra do Larouco, a última subida da 7.ª etapa da 84.ª Volta a Portugal em Bicicleta, ao longo dos 162,6 km entre Torre de Moncorvo e Montalegre. LUSA/NUNO VEIGA
A filha do ciclista galego Delio Fernández segura um cartaz a apoiar o pai em Penamacor. LUSA/NUNO VEIGA
Ciclistas em acção durante a 6.ª etapa da 84.ª Volta a Portugal em Bicicleta, ao longo de 168,5 km entre Penamacor e Guarda. LUSA/NUNO VEIGA
O pelotão que percorre o troço entre Penamacor e Guarda surge no espelho de uma estrada na 6.ª etapa da 84.ª Volta a Portugal em Bicicleta. LUSA/NUNO VEIGA
Os ciclistas passam junto a um terreno a ser pastado por vacas na 6.ª etapa da 84.ª Volta a Portugal em Bicicleta, entre Penamacor e Guarda. LUSA/NUNO VEIGA
Os adeptos aplaudem a chegada dos ciclistas à Covilhã durante a 5ª etapa da 84ª Volta a Portugal em Bicicleta, ao longo dos 185 quilómetros que começaram em Mação. LUSA/NUNO VEIGA
O pelotão atravessa a Covilhã na 5ª etapa da 84ª Volta a Portugal em Bicicleta. LUSA/NUNO VEIGA
Neste ângulo, é possível observar os carros de apoio que seguem o pelotão ao atravessar a Covilhã. LUSA/NUNO VEIGA
Os atletas da Volta a Portugal em Bicicleta passam em Castelo Branco. LUSA/NUNO VEIGA
O pelotão na região de Montalegre durante a 8ª etapa da 84ª Volta a Portugal em Bicicleta ao longo de 146,7Km entre Boticas e Fafe. LUSA/NUNO VEIGA
Aqui, os mesmos ciclistas passam pela decoração de rua colocada para as festas de uma localidade entre Boticas e Fafe. LUSA/NUNO VEIGA
As nuvens chegaram a dar tréguas ao sol ardente da 8ª etapa da 84ª Volta a Portugal em Bicicleta. LUSA/NUNO VEIGA
Os ciclistas passam por uma zona florestal no circuito de 146,7Km entre Boticas e Fafe. LUSA/NUNO VEIGA
Em Mondim de Bastos, os ciclitas encontraram a população reunida na margem da estrada para acenar ao pelotão. LUSA/NUNO VEIGA
Na mesma localidade, passaram em frente a uma igreja. Junto a ela, mais adeptos aproveitaram para aplaudir os ciclistas e tirarem fotografias. LUSA/NUNO VEIGA
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Um fã vestido como um viking aplaude os ciclistas durante a 5.ª etapa da 84.ª Volta a Portugal em Bicicleta, entre Mação e Covilhã. LUSA/NUNO VEIGA

“Foi uma corrida perfeita. Trabalhámos muito para isto. Hoje, tentámos acompanhar o ritmo. Este é o melhor resultado para a equipa”, começou por assumir Werner Solmen, director desportivo da equipa austríaca.“Já ganhámos a Volta à Áustria, mas ganhar a Volta a Portugal, com 10 etapas, subidas exigentes, é um passo em frente. Foi perfeito. Um sonho”.

Nunca pensei conseguir esta marca

Para se tornar o primeiro corredor de uma equipa estrangeira a vencer a Volta desde 2006, quando o espanhol David Blanco ganhou pela Comunitat Valenciana, Colin Stüssi fechou o ciclo com 1m04s de avanço sobre Txomin Juaristi (que conseguiu ascender ao segundo lugar final) e 1,07s sobre o português António Carvalho (ABTF-Feirense). Ou seja, o contra-relógio de Viana atirou Casimiro e Nych para fora do pódio, com o russo que actualmente vive em Santa Maria da Feira a assumir culpas próprias.

“Hoje não estava preocupado, fiz tudo o que podia. Cometi muitos erros nesta corrida, da próxima vez tenho de ser mais inteligente. Não me senti muito bem nesta Volta e tenho de analisar porquê”, resumiu, em português, em declarações aos microfones da RTP. Nych terminou a tirada a 53,91 segundos do vencedor e a Volta na quarta posição, a 1m28s.

De resto, o top5 da corrida contou apenas com um português, António Carvalho, quarto na etapa (a 26,85s) e terceiro na geral (a 1m07s), também porque Stüssi pareceu surpreender-se a si próprio nos 18,2 quilómetros urbanos.

“A minha maior força foi ser consistente e tenho orgulho nisso. Hoje, a minha equipa esteve muito bem, trabalhei, na véspera, com o meu colega de quarto, ele explicou-me o que fazer. Claro que as pernas eram minhas, mas foi um esforço de equipa”, destacou o suíço, admitindo que a luta contra o cronómetro foi uma especialidade que trabalhou muito pouco ao longo do ano.

“Estava um pouco nervoso, para ser sincero, mas foi sobretudo entusiasmo o que senti. Conheço os meus números no contra-relógio, mas nunca se sabe. Nunca pensei que pudesse conseguir esta marca. Fizemos uns ajustes na bicicleta antes da corrida e correu bem”. Suficientemente bem para levar de Portugal uma recordação (e um troféu) para a vida.

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