Nasceram mais bebés, morreram menos pessoas e os casamentos aumentaram no primeiro semestre de 2023
Tendência para o aumento do número de casamentos continua, após a diminuição acentuada nos anos da pandemia.
No primeiro semestre deste ano, houve mais nascimentos, menos mortes e mais casamentos do que no mesmo período do ano passado. Desde o início de 2023 que o saldo natural negativo (diferença entre nados-vivos e óbitos) se estava a desagravar em comparação com o mesmo período de 2022. As estatísticas vitais que o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga mensalmente indicam que Junho passado não foi excepção e que o valor acumulado do saldo natural negativo no primeiro semestre deste ano foi de -19.197, contra os -24.659 registados entre Janeiro e Junho de 2022.
Há mais de uma década que há consecutivamente mais mortes do que nascimentos em Portugal, agravando o fenómeno do envelhecimento. Mas o que está a acontecer este ano é que o saldo natural negativo vem decrescendo em resultado do aumento dos nascimentos e do decréscimo dos óbitos, como sucedera já em 2022, atenuando o efeito da pandemia de covid-19 — que levou alguns portugueses a adiar o projecto de ter filhos e, simultaneamente, provocou um aumento significativo da mortalidade, directa ou indirectamente associada à covid-19.
Nos dados preliminares esta sexta-feira adiantados, o INE especifica que o número total de nados-vivos registado no primeiro semestre de 2023 (41.296) foi superior em 5,2% ao verificado no mesmo período de 2022. Esta tendência para o aumento dos nascimentos já tinha sido assinalada pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), quando divulgou o maior número de “testes do pezinho” (rastreio efectuado à nascença) que o seu Departamento de Genética efectuou entre Janeiro e Junho deste ano face ao primeiro semestre de 2022, ainda que os números não sejam exactamente correspondentes aos do INE.
Voltando às estatísticas vitais, o número de mortes por todas as causas – e o INE já adianta os dados dos primeiros sete meses de 2023 (69.317) — foi inferior em 5469 ao mesmo período de 2022, ou seja, menos 7,3%. E os óbitos atribuídos à covid-19 continuavam neste período a diminuir. Só no mês de Julho, precisa o INE, “o número de óbitos devido a covid-19 desceu para 140”, representando então 1,6% do total de mortes nesse mês.
Apesar da redução, o indicador “excesso de mortalidade” calculado pelo Eurostat — que compara o total de óbitos registados em cada mês nos países da União Europeia com o número médio de óbitos naqueles meses no período anterior à pandemia, entre 2016-2019 — mostra que Portugal teve óbitos acima do esperado em todos os meses deste ano, à excepção de Janeiro, um fenómeno que se verificou na maior parte dos Estados-membros da União Europeia (UE).
“Em Junho de 2023, e à semelhança do que se tinha verificado em Maio, a UE-27 registou um excesso de mortalidade. Dos 27 Estados-membros, 18 apresentaram excesso de mortalidade naquele mês, entre eles Portugal”, refere o INE. Sublinhe-se que a fórmula usada pelo Eurostat é diferente da utilizada em Portugal , uma vez que não leva em conta as diferenças nas estruturas etárias dos vários países e o peso do envelhecimento.
Sem surpresas, outra tendência que se mantém é a do aumento do número de casamentos, após a diminuição acentuada nos anos da pandemia. No primeiro semestre deste ano, tal como acontecera em 2022, cresceu o número de casamentos, alguns dos quais terão sido adiados em 2020 e 2021. “No primeiro semestre de 2023, foram celebrados 14.894 casamentos, mais 922 (mais 6,6%) do que no período homólogo de 2022”, precisa o INE.