É como um currículo, mas, em vez de servir para encontrar trabalho, serve para encontrar potenciais interesses amorosos. Há cada vez mais pessoas a fazer “Date Me Docs”, documentos com informação detalhada – desde fotografias, a interesses, expectativas e traços de personalidade –, que posteriormente são partilhados com a rede de contactos ou publicados online.
O New York Times apresenta o microfenómeno como uma consequência do desgaste das aplicações de encontros, como o Tinder, que tem levado as pessoas a virarem-se para outras plataformas. Aliás, de acordo com um relatório da empresa financeira Morgan Stanley, durante o último ano houve uma diminuição no crescimento de utilizadores das principais apps de encontros.
Não é possível quantificar o número de “Date Me Docs” que existem já, até porque eles são, muitas vezes, partilhados directamente com outras pessoas, mas o jornal norte-americano refere que esta tendência se verifica essencialmente junto de pessoas que trabalham na indústria tecnológica e vivem nas principais cidades americanas.
Connie Li, engenheira de software de 33 anos, disse, citada no mesmo texto, ter decidido experimentar algo novo depois de perceber que a maioria dos homens com quem interagia nas aplicações de encontros não queriam nada sério. Criou um documento no Notion, site que oferece ferramentas de organização, onde se apresentou como uma “monogâmica que se veste com demasiadas cores”. Para Connie, há algo vintage nesta forma de procurar um parceiro: lembra-lhe “os inícios da Internet”.
Não há uma regra para estes “Date Me Docs”. Outra utilizadora, Katja Grace, apresenta factos básicos relevantes para relacionamento — como o facto de ter congelado óvulos —, traços de que gosta nos parceiros, interesses, coisas que gosta de fazer em casal, fotografias e, claro, um email para potenciais interessados a tentarem contactar.
Quem os faz refere que esta é uma forma mais directa e personalizada de conhecer pessoas, que não se limita a swipes e matches. Os encontros também podem ser mais bem-sucedidos, já que há mais informação acerca do outro e isso pode levar a possíveis tópicos de conversa.
Os “Date Me Docs” devem conter toda a informação relevante para os potenciais interessados, mas convém lembrar que esta informação é pública e, por isso mesmo, devem evitar-se detalhes que possam comprometer a segurança dos utilizadores.