Tsai Ming-Liang filma o tempo que passa sobre os corpos

O autor de O Sabor da Melancia recebeu o Leopardo para a carreira. Sem pressa para voltar a filmar, sente que o museu é uma das possíveis saídas para um cinema cada vez menos ousado.

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Tsai Ming-Liang foi a Locarno receber o Leopardo de Carreira, que a direcção do certame suíço quis atribuir-lhe em honra de um dos mais singulares percursos no cinema contemporâneo Alessandro Crinari/Locarno Film Festival/Ti-Press
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É no que dá convidar um budista para falar sobre “o futuro do cinema” e perguntar-lhe se está preocupado com os perigos da inteligência artificial para as produções criativas. “Não consigo sequer preocupar-me com algo que não compreendo de todo”, sorri Tsai Ming-Liang (Kuching, 1957), sentado num salão do Hotel Belvedere de Locarno. “Não sei o suficiente sobre o que se está a passar.” E, como se quisesse sublinhar a sua postura, brinca com uma possível “tecno-exclusão”: Sabe que muitos restaurantes na Ásia usam códigos QR para acedermos ao menu digital. Mas eu não sei como fazer isso, continuo a preferir o menu físico! Nunca seria capaz de entrar sozinho numa loja de telemóveis para comprar um novo!”

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