Media Capital prepara programa de rescisões por mútuo acordo

Dona da TVI e da CNN Portugal com quebra de 7% nos rendimentos com publicidade no primeiro semestre. Nos últimos meses, trabalhadores ameaçaram greve e grupo fez oferta para compra da Cofina.

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O CEO da Media Capital, Pedro Morais Leitão TIAGO PETINGA/LUSA

A Media Capital está a preparar um programa para a rescisão de contratos de trabalho por acordo mútuo, e "outras medidas" para uma "adequada gestão dos recursos disponíveis", segundo um comunicado divulgado ao mercado na sexta-feira.

Na nota, publicada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), na qual o grupo deu conta dos resultados do primeiro semestre deste ano, a Media Capital disse que "está em processo de revisão da sua estrutura de custos e dos seus processos internos, os quais serão o motor e alavanca para uma gestão cada vez mais eficaz".

Segundo a empresa, "será anunciado um programa para rescisão de contratos de trabalho por acordo mútuo e serão tomadas outras medidas que permitam uma adequada gestão dos recursos disponíveis", sem avançar mais detalhes.

A empresa explicou que "ainda que a redução de custos no primeiro semestre de 2023 tenha permitido compensar parcialmente a quebra na principal fonte de receita do grupo, gerando uma melhoria de EBITDA [resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações] face ao período homólogo" tem como objectivo "a sua melhoria substancial no segundo semestre do ano".

A Media Capital registou resultados líquidos das operações continuadas de 4,8 milhões de euros negativos no primeiro semestre deste ano, uma melhoria face aos 7,9 milhões negativos do período homólogo, segundo um comunicado ao mercado.

Na nota, publicada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa, que detém vários meios de comunicação, incluindo a TVI e a CNN Portugal, adiantou que nos primeiros seis meses do ano, os rendimentos operacionais atingiram 69,3 milhões de euros quando, no mesmo período de 2022, haviam sido de 69,7 milhões de euros.

"Os rendimentos registados no primeiro semestre de 2023 reflectem um decréscimo de 7% face ao período homólogo nos rendimentos de publicidade, motivados pela quebra do mercado publicitário na televisão de canal aberto, no qual se assistiu a uma quebra de 5,1% até Maio de 2023", explicou.

Em Julho, a Media Capital comunicou ao mercado a sua oferta de 80 milhões de euros para adquirir a totalidade das acções da Cofina Media, que detém jornais como o Correio da Manhã, Record e Jornal de Negócios e canais como a CMTV. A Cofina confirmou a recepção dessa oferta vinculativa, que inclui 35 milhões de euros de pagamento e 45 milhões de assunção da dívida do grupo de Paulo Fernandes.

em Março, os trabalhadores do grupo Media Capital convocaram uma greve para reivindicar aumentos de salários e de subsídios de refeição, entre outros pedidos. Na altura, os sindicatos acusaram a administração de atacar sindicatos e trabalhadores. A paralisação foi entretanto desconvocada e as partes entraram em negociações.

Em 2022, a Media Capital vendeu as rádios do grupo aos alemães da Bauer Media por 69 milhões de euros.