China critica visita do vice-presidente taiwanês aos EUA
Lai Ching-te é visto como um separatista por Pequim e é um dos favoritos às eleições presidenciais de Janeiro. Passagem pelos EUA não inclui encontros com políticos.
A China condenou a visita do vice-presidente de Taiwan, Lai Ching-te, aos EUA e prometeu adoptar “medidas resolutas e vigorosas” como resposta. Lai é um dos candidatos favoritos para as eleições presidenciais do próximo ano.
O dirigente taiwanês chegou a Nova Iorque no sábado, uma paragem que é descrita pelas autoridades da ilha como uma escala técnica da viagem oficial que Lai vai realizar no Paraguai, para participar na cerimónia de tomada de posse do novo Presidente, Santiago Peña. O país sul-americano é um dos 13 Estados que mantêm relações diplomáticas oficiais com Taiwan.
A China, que reivindica Taiwan como parte do seu território, condenou a visita de Lai aos EUA, sublinhando que o vice-presidente “defende teimosamente a posição separatista em favor da independência de Taiwan”. O comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim diz ainda que Lai é um “encrenqueiro de primeira”.
“A China está a acompanhar os desenvolvimentos com atenção e irá tomar medidas resolutas e vigorosas para defender a soberania nacional e a integridade territorial”, disse ainda o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
O “número dois” do Governo taiwanês é visto de forma particularmente negativa pelo regime chinês, que tem prometido combater todos os sinais de separatismo na ilha com mais de 23 milhões de habitantes. Lai tem um perfil mais radical do que a actual Presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, no que respeita ao estatuto de Taiwan, tendo chegado a descrever-se como um “trabalhador pragmático pela independência” do território.
As visitas de dirigentes taiwaneses aos EUA são sempre seguidas com atenção pelas autoridades chinesas, que raramente deixam passar a oportunidade para demonstrar o seu descontentamento. Foi o que aconteceu em Abril, quando Tsai também realizou uma escala técnica em território norte-americano, aproveitando para se encontrar com o presidente do Congresso, Kevin McCarthy.
Embora não tenham relações diplomáticas, Washington e Taipé têm fortes laços económicos, políticos e militares. O Presidente Joe Biden já deu garantias públicas de que irá defender o território de uma potencial invasão chinesa – Pequim ambiciona a reunificação com a ilha que é governada de forma autónoma desde 1949.
Desta vez, a visita de Lai não vai incluir nenhum encontro com políticos norte-americanos. O vice-presidente, que é candidato pelo Partido Democrático Progressista às eleições de Janeiro, tem apenas encontros marcados com membros da diáspora taiwanesa nos EUA.
“Ele quer enviar uma mensagem de que é alguém estável e confiável, seja durante a campanha eleitoral ou no seu papel internacional”, disse ao New York Times o analista Sung Cheng-en.
Os EUA e Taiwan não mantêm relações diplomáticas oficiais – a China não estabelece laços diplomáticos com países que reconheçam a soberania de Taiwan – e, por isso, não se realizam encontros de alto nível entre dirigentes dos dois países, mas é comum que os governantes taiwaneses se reúnam com congressistas ou senadores.
No ano passado, a então presidente do Congresso, Nancy Pelosi, realizou uma visita histórica a Taiwan, o que enfureceu a China.
As autoridades de Taiwan acreditam que Pequim irá realizar novas manobras militares esta semana perto da ilha, como forma de demonstrar o seu descontentamento com a passagem de Lai pelos EUA e para intimidar a população taiwanesa. Nos últimos três anos, a China tem intensificado as suas actividades militares nas proximidades de Taiwan, e o discurso oficial do regime tem endurecido.
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