Palcos da semana: música ao natural e outras tradições de Verão
Dias com a emoção do Operafest, a tradição do Paredes de Coura, as reflexões da Festa do Teatro, a maré alta do Sol da Caparica e a obra da Bienal de Gravura do Douro.
Do medo profundo ao prazer supremo, vai um festival de ópera
Sedução, paixão e traição dão corpo à ópera de cenário colorido que remete para a Espanha do século XIX. Protagonizada por uma mulher cigana que, refere a sinopse, “preza a sua liberdade acima de tudo”, Carmen é uma das obras mais famosas de Georges Bizet e, à luz dos dias de hoje, “um declarado apelo à emancipação feminina”.
A história vai a palco na versão encenada por Tónan Quito (que aqui se estreia nas lides operáticas), para abrir o cartaz do Operafest Lisboa.
Dirigido pela soprano Catarina Molder e produzido pela Ópera do Castelo, o festival alinha a quarta edição Entre o Céu e o Inferno – Do medo mais profundo ao prazer supremo, mantendo-se fiel ao compromisso de fazer chegar a emoção da ópera a todos.
Num programa centrado nos jardins do Museu Nacional de Arte Antiga, desfilam também Suor Angelica de Puccini, A Flauta Mágica de Mozart, Rigor Mortis de Francisco Lima da Silva (em estreia absoluta), um novo ciclo de Cine-Ópera e a habitual Rave Operática, entre outros momentos.
Trinta anos de música ao natural
“A história da música em Portugal não seria a mesma sem o Festival Paredes de Coura”. Às palavras da organização, juntamos créditos como a beleza do recinto, num anfiteatro natural, que o destaca dos demais; o espírito alternativo e atmosfera bucólica em doses generosas; ou o facto de ser terreno sagrado para a descoberta de novas promessas, sem no entanto esquecer os talentos firmados.
É a este habitat natural da música que se volta, qual ritual do querido mês de Agosto, para celebrar as raízes e escutar o que de melhor se faz no que toca ao rock, de produção nacional ou de fora de portas.
Entre os anfitriões desta 30.ª edição, estão Lorde, Jessie Ware, Kokoroko, The Walkmen, Loyle Carner, Frank Carter & The Rattlesnakes, Yo La Tengo, Tim Bernardes, A Garota Não, Wilco, Sleaford Mods e Explosions In The Sky.
A Ruiva e outras reflexões
Mais de vinte espectáculos, exposições, workshops, concertos, cinema, conversas e uma extensão a Setembro. A Festa do Teatro - Festival Internacional de Teatro de Setúbal está pronta para entrar em cena e renovar os seus votos de amor à arte.
No ano em que celebra as 25 edições, o certame organizado pelo Teatro Estúdio Fontenova em parceria com a autarquia leva às tábuas linguagens diversas e uma série de reflexões.
Uma delas é A Ruiva, co-produção da anfitriã com a Companhia João Garcia Miguel e uma das quatro estreias em cartaz, que explora os anseios da actualidade e as “relações de poder capazes de nos levar ao limite e à falência”, explica a sinopse.
Câncer da Tela Negra, Lista de Esperas do Colectivo Caroço, ASAE da Liberdade do Teatro Amanhã, Duas Casas do Imaginar do Gigante, Coração de Antígona da Lendias d’Encantar, Time do Teatrão e Espécies Lázaro do Teatro Art'Imagem são outras das criações em palco.
Maré alta com Sol da Caparica
Música, praia e um festival de Verão pensado para gozar bem as férias grandes. É nestas notas que toca O Sol da Caparica que para a oitava edição traz no topo das novidades uma Vila do Vinho e duas estações de arte urbana ao vivo.
Bateu Matou, Carolina Deslandes, Ena Pá 2000, João Pedro Pais, Mariza, Pedro Mafama, Excesso, Chico da Tina, José Cid, Wet Bed Gang, Fernando Rocha e África Negra são alguns dos nomes chamados a fazer a festa nos cinco palcos.
Os mais novos voltam a ter lugar reservado no cartaz e um alinhamento à medida. Aqui, o Dia da Criança celebra-se no domingo e na cartola vêm malabaristas, cuspidores de fogo, insufláveis, workshops, uma Parada de Estrelas e uma caixa onde se Vive o mundo da Barbie.
Gravuras no Douro
É a única bienal de obra gráfica do país, assim atesta o curador Nuno Canelas, e vem reforçar a imagem de um Douro que é (muito) mais do que paisagem vinhateira. Os números aí estão para fazer prova da dimensão do evento: 15 exposições para mostrar 800 obras assinadas por 500 artistas de 65 países.
Nas contas desta XI Bienal Internacional de Gravura do Douro entram trabalhos que vão da gravura tradicional às novas linhas digitais e um périplo por espaços culturais nortenhos como o Museu do Douro na Régua, o Teatro de Vila Real, o Espaço Miguel Torga (S. Martinho de Anta), o Museu do Côa ou o Museu do Pão e do Vinho (Favaios).
O destaque vai para a exposição de Artistas Homenageados, onde podem ser vistas obras de Vieira da Silva, Nadir Afonso, Paula Rego, Antoni Tàpies, Júlio Pomar, José de Guimarães, Silvestre Pestana, Ângelo de Sousa, Graça Morais, Cruzeiro Seixas, Yuji Hiratsuka e Tomiyuki Takuta.