Mais de 2000 pessoas desapareceram este ano a tentar atravessar o Mediterrâneo
Dados preliminares de Janeiro a Julho deste ano da Frontex apontam para um aumento de entradas ilegais detectadas nas fronteiras externas da União Europeia.
O número de entradas ilegais detectadas nas fronteiras externas da União Europeia subiu 13% nos primeiros sete meses de 2023 em relação ao mesmo período de 2022, informou esta sexta-feira, em comunicado, a agência europeia de controlo de fronteiras Frontex. Esse aumento deve-se à subida de entradas ilegais na rota do Mediterrâneo central. Ainda de acordo com a Organização Internacional para as Migrações das Nações Unidas, mais de 2000 pessoas desapareceram a tentar chegar à Europa pelo Mediterrâneo.
Ao todo, foram já 176.000 as entradas ilegais detectadas nas fronteiras externas da União Europeia entre Janeiro e Julho de 2023, indica a Frontex, citando dados preliminares. Este é o maior valor para este período desde 2016, realça-se no comunicado.
A maior subida aconteceu na rota do Mediterrâneo central, com 89.047 entradas de Janeiro a Julho, o que representa um aumento de 115% relativamente ao mesmo período do ano passado. “O Mediterrâneo central continua a ser a rota mais activa para se entrar na União Europeia”, refere-se no comunicado. Egipto, Guiné e Costa do Marfim representam a maioria das origens das pessoas que tentam entrar por esta via.
A Frontex alerta ainda, na mesma nota, que nos próximos meses o aumento da pressão migratória nesta rota deve manter-se, sobretudo devido a contrabandistas que propõem “preços baixos” a migrantes para partirem da Líbia ou da Tunísia em direcção à Europa.
Quanto às restantes rotas, houve uma diminuição em relação ao mesmo período de 2022. Na rota dos Balcãs ocidentais, registaram-se 52.232 entradas ilegais detectadas nas fronteiras externas da União Europeia, predominantemente de pessoas da Síria, do Afeganistão e da Turquia. Há assim uma diminuição de 26% relativamente ao ano anterior.
Na rota do Mediterrâneo oriental foram 17.054 as entradas, maioritariamente da Síria, da Palestina e Afeganistão – descendo 29% em relação a 2022. Na rota da África ocidental foram detectadas 7692 entradas, sobretudo de Marrocos, do Senegal e da Costa do Marfim – o que representa menos 19% do que em 2022. Já na rota do Mediterrâneo ocidental houve 6811 entradas, de pessoas de Marrocos, da Argélia ou da Síria, menos 2% do que no ano passado.
Travessias extremamente perigosas
“O aumento foi inteiramente influenciado pelo número de chegadas através do Mediterrâneo central, que continua a ser a principal rota migratória para se alcançar a União Europeia e representa mais de metade de todas as [entradas] detectadas nas fronteiras da União Europeia”, assinala-se no comunicado.
A Organização Internacional para as Migrações das Nações Unidas também informa que já desapareceram, pelo menos, 2060 pessoas a tentar atravessar o Mediterrâneo, sobretudo na rota do Mediterrâneo central. “Infelizmente, as travessias pelo mar continuam a ser extremamente perigosas”, refere a instituição.
Ainda há dias foi noticiada a morte de 41 migrantes na rota do Mediterrâneo central na semana anterior, de acordo com a agência transalpina de notícias Ansa, que cita sobreviventes que conseguiram chegar à ilha italiana de Lampedusa.
Quatro dos sobreviventes disseram às equipas de resgate que tentavam atravessar o Mediterrâneo numa embarcação onde seguiam 45 pessoas, três das quais crianças. A embarcação tinha saído da Tunísia numa manhã e, horas depois, virou e afundou-se, segundo os relatos dos sobreviventes. Foi apenas uma das mais recentes tragédias numa longa lista de perdas de vidas humanas.