Grupo Bel compra participação da Cofina na VASP por 4,5 milhões
A Cofina deverá ficar sem participação na VASP, uma das condições impostas pela Media Capital para comprar o grupo dono de títulos como o Correio da Manhã ou o Jornal de Negócios.
O Grupo Bel, detido pelo empresário Marco Galinha, quer comprar à Cofina as acções que a dona de títulos como o Correio da Manhã ou o Jornal de Negócios detém na distribuidora de publicações VASP por 4,5 milhões de euros. Esta venda — um negócio que, para avançar, ainda terá de ser aprovado pela Autoridade da Concorrência (AdC) — foi uma das condições impostas pela Media Capital para, por sua vez, comprar a Cofina.
A operação foi anunciada, nesta sexta-feira, pela Cofina, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “Na sequência de uma solicitação da CMVM e no seguimento do aviso da AdC publicado em 31 de Julho de 2023, a Cofina vem esclarecer que recebeu uma comunicação de exercício de direito de opção de compra, pela sociedade Palavras de Prestígio, das 330 mil acções nominativas, com o valor nominal de 3,5 euros, de que a Cofina é titular no capital social da VASP — Distribuidora de Publicações, estando a efectivação deste direito dependente da não oposição da AdC”, pode ler-se no comunicado publicado esta manhã.
O preço deste exercício do direito de opção de compra, acrescenta a Cofina no mesmo comunicado, é de 4,5 milhões de euros, um valor que deverá ser pago no prazo de 30 dias após a notificação de não oposição por parte da Concorrência.
O anúncio da operação surge depois de, no final do mês passado, a Palavras de Prestígio ter notificado a AdC sobre a aquisição do controlo exclusivo da VASP, através da opção de compra das acções actualmente detidas pela Cofina, que representam 50% do capital da VASP.
Fundada em 2020 e detida maioritariamente pelo Grupo Bel (mas, também, por outros empresários), a Palavras de Prestígio é a empresa através da qual Marco Galinha investe no sector da comunicação social. Já a VASP, que actua na distribuição de imprensa em Portugal, é, até à data, detida em partes iguais pela Cofina e pela Palavras de Prestígio. De acordo com a informação disponibilizada no seu site, gerou receitas de cerca de 201 milhões de euros em 2022 e conta com 245 trabalhadores.
A Cofina detém metade do capital da VASP desde 2021, altura em que exerceu o direito de preferência e comprou 16,7% da distribuidora à Impresa, por cerca de um milhão de euros. Nessa altura, os restantes 50% da VASP eram detidos pela Global Media (dona do Diário de Notícias e também detida por Marco Galinha) e pela Páginas Civilizadas, outra das empresas do Grupo Bel.
Já mais recentemente, em Julho deste ano, quando a Media Capital (detida maioritariamente pelo empresário Mário Ferreira) apresentou uma oferta vinculativa pela totalidade das acções da Cofina Media, por 80 milhões de euros, impôs, entre outras condições para finalizar a operação, que a Cofina vendesse a totalidade dos 50% que detém na VASP.
É essa operação que agora está prestes a avançar, embora ainda dependa da aprovação da AdC. A Cofina dá, assim, um passo no sentido de cumprir as condições impostas pela Media Capital para avançar com a compra de 80 milhões de euros. Para além desta oferta, a Cofina tem em cima da mesa uma outra proposta, no valor de 75 milhões de euros, apresentada por um grupo de administradores da Cofina que pretende comprar a própria empresa e que tem Cristiano Ronaldo entre os investidores.