Incêndio de Odemira dominado. Ministro apela à responsabilidade de todos nos próximos dias

Último levantamento indica que foram queimados 8400 hectares no incêndio de Odemira. José Luís Carneiro alerta para um “Verão caracterizado por picos” de temperatura, vento e ausência de humidade.

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Incêndio em Odemira deflagrou no sábado MIGUEL A. LOPES/Lusa

O incêndio rural de Odemira foi dado como dominado às 10h15 desta quarta-feira, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC). A Polícia Judiciária suspeita que a origem das chamas terá estado num parque de merendas, e está a investigar se terá tido origem negligente ou intencional, indicou fonte policial citada pela agência Lusa. Mas o período crítico de incêndios em Portugal ainda não terminou e o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, apelou a comportamentos responsáveis de todos para os próximos dias.

Numa visita à sede nacional da ANEPC, José Luís Carneiro começou por agradecer o trabalho dos profissionais que por estes dias têm combatido os incêndios no país e fez um apelo “às atitudes e comportamentos das cidadãs e cidadãos para os tempos que se avizinham”. Em conferência de imprensa, o ministro indicou que a humidade aumentou, sobretudo durante a noite, mas que este será um “Verão caracterizado por picos com descidas das temperaturas e com aumentos abruptos das temperaturas e com ventos que terão uma relativa intensidade”, notou. “Pedimos o especial cuidado a todas e a todos”, acrescentou.

José Luís Carneiro fazia estas declarações já com o incêndio de Odemira em resolução. Desde sábado, mais de 1000 operacionais e mais de 350 meios terrestres e aéreos combateram este incêndio que deflagrou na freguesia de São Teotónio. Um levantamento divulgado esta quarta-feira pela Protecção Civil mostra que foram queimados 8400 hectares.

Ao todo, o incêndio fez 42 feridos, nove dos quais tiveram de receber assistência hospitalar, informou Vítor Vaz Pinto, comandante regional da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, numa conferência de imprensa esta quarta-feira. Ao longo destes dias, na área do incêndio, também 1459 pessoas foram deslocadas pela Guarda Nacional Republicana.

O incêndio que deflagrou em Odemira entrou também nos concelhos de Monchique e Aljezur e destruiu pelo menos duas casas e uma unidade de turismo rural. Em Odemira, uma unidade turística ardeu quase na totalidade e uma residência de primeira habitação foi destruída, indicou o presidente da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro, em conferência de imprensa. Ambas estão localizadas no Vale Juncal, em São Teotónio.

Além disso, realçou, há outras perdas que é preciso identificar, nomeadamente em Vale de Água, onde não há casas ardidas, mas existem anexos destruídos. “Mesmo que não tenham perdido a habitação, acabaram por perder recheios e a possibilidade de ter alimento e vestuário”, notou. O autarca referiu ainda que há um “conjunto significativo” de animais que ficaram sem alimento.

O incêndio também destruiu uma zona de 40 hectares de floresta em São Teotónio, onde estava uma reserva de burros. Em declarações à Lusa, Cláudia Candeias, presidente da Associação Arco do Tempo, contou que tiveram de ser retirados os sete burros da reserva, para que ficassem a salvo. As pastagens dos animais, as instalações e material ficaram queimados, bem como sobreiros e medronheiros na propriedade.

Já em Aljezur, há pelo menos uma casa ardida, que será uma casa de férias na zona da Boavista, em Odeceixe, informou o presidente da Câmara Municipal de Aljezur, José Gonçalves, citado pela agência Lusa. O autarca diz que agora serão colocadas equipas no terreno para se fazer um levantamento dos estragos.

Em Monchique, foram queimados 426 hectares desde o final de segunda-feira, disse Paulo Alves, presidente da Câmara Municipal de Monchique. “Não houve danos de monta a registar, fora a biodiversidade”, afirmou. Arderam sobretudo áreas de mato, eucaliptal, medronhal e sobreiros. Paulo Alves indicou que, por prevenção, foram ainda retiradas 20 pessoas das suas casas.

Suspeitas sobre a origem

Esta quarta-feira à tarde, fonte policial revelou que se suspeita que este incêndio rural possa ter começado num parque de merendas. A Polícia Judiciária está já a investigar se teve origem negligente ou intencional, noticiou a agência Lusa.

A investigação está a cargo do Departamento de Investigação Criminal de Portimão, de acordo com a mesma fonte. Neste momento, está no terreno uma equipa de investigadores a ouvir testemunhas e a recolher elementos sobre o incêndio.

Também durante esta quarta-feira, Vítor Vaz Pinto tinha já dito que a Protecção Civil iria analisar o que tinha corrido menos bem no combate ao incêndio. O comandante regional da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil indicou que agora se está a vigiar o terreno e que há uma grande probabilidade de reacendimentos.

Fora do continente, o Serviço Regional de Protecção Civil da Madeira pediu à população que evitasse comportamentos que constituíssem perigo de incêndio rural, devido aos avisos amarelo e laranja emitidos pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).