Mais de 1400 operacionais no combate a incêndios em Leiria, Ourém e Odemira

Em Odemira, mais de 1400 pessoas foram retiradas das casas por prevenção. Dois incêndios no concelho de Leiria, iniciados quase em simultâneo, aumentam a desconfiança quanto a mão criminosa.

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Até às 18h30 foram registados, pelo menos, 85 ocorrências relacionadas com incêndios LUSA/PAULO CUNHA

O combate aos incêndios em Leiria, Ourém e Odemira concentrou o maior número de operacionais esta segunda-feira, reunindo mais de 1400 elementos, entre bombeiros, autoridades policiais, militares e Protecção Civil, ao longo do dia nos vários pontos quentes.

Em Odemira, depois de uma noite em que 60 pessoas dormiram num centro de acolhimento, mais de 1400 foram retiradas das casas por prevenção durante a tarde desta segunda-feira. O incêndio, que começou às 14h49 de sábado em São Teotónio, obrigou o município a activar o Plano de Emergência e Protecção Civil pelas 14h30 de domingo.

A dimensão das frentes activas estendeu as chamas até Odeceixe, freguesia no município de Aljezur, pelas 11h. Durante a tarde, mais de duas dezenas de operacionais combateram o fogo na região algarvia, em "fase de conclusão" a partir das 19h30.

Ao final da tarde desta segunda, em conferência de imprensa, o Comandante Regional de Emergência e Protecção Civil do Alentejo, José Ribeiro esclareceu que foram totalizadas 22 vítimas, quatro das quais foram transportadas para o hospital. "Situações de menor gravidade, sobretudo relacionadas com fadiga", acrescentou, sobre os três bombeiros e o civil cuja situação requereu maiores cuidados. De resto, foram assistidas 18 pessoas no local, entre as quais 14 bombeiros e quatro civis.

José Ribeiro disse que a Câmara de Odemira activou duas zonas de apoio à população, nas zonas de São Teotónio e Odemira.

Uma vez que nas próximas horas os meios aéreos terão de deixar o combate aos fogos, por falta de visibilidade, e face ao vento que se faz sentir, o Comandante Regional de Emergência e Protecção Civil do Alentejo disse ainda que espera uma "noite de muito trabalho" nos 6700 hectares incluídos no teatro de operações. Os operacionais no local deverão receber o apoio de mais quatro meios de combate a incêndio rurais e urbanos.

Pelas 20h, 831 operacionais continuavam a combater três frentes activas, apoiados por 268 viaturas e cinco meios aéreos. A EN120 permanecia cortada, entre São Teotónio e Odeceixe.

Autarca de Leiria alerta para mão criminosa

No distrito de Leiria, os incêndios nas freguesias de Caranguejeira e Arrabal, com início às 13h47 e 13h48, respectivamente, reuniam mais de 400 operacionais ao final da tarde. Nas horas anteriores, quando o termómetro aproximava-se dos 40ºC, duas frentes ameaçaram algumas habitações na freguesia da Caranguejeira, próximas de uma zona de pinhal.

Os focos de incêndio obrigaram ao corte da A1, na zona de Cardosos, próximo da área de serviço de Leiria, assim como a EN350 e a EN113.

Em Vale Sobreiro, localidade na freguesia de Caranguejeira, os moradores foram retirados, por prevenção.

Em declarações à RTP, o vereador da Protecção Civil, Luís Lopes, descreveu a situação como “preocupante”, mas lembrou que os bombeiros estavam dispersos entre os dois incêndios, nas freguesias de Arrabal e Caranguejeira, pelo que o controlo das chamadas foi dificultado.

Por sua vez, o presidente da câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, entrevistado pela SIC, alertou para a falta de meios no combate às chamas e para os indícios de fogo posto.

Ao princípio da noite, 217 operacionais, apoiados por 61 meios terrestres e cinco aeronaves, combatiam o incêndio na freguesia de Arrabal. Na outra freguesia, de Caranguejeira, estavam no terreno 165 operacionais, 46 meios terrestres e quatro aeronaves.

A poucos quilómetros, em Ourém, já no distrito de Santarém, um incêndio que começou pelas 16h23, foi combatido por cerca de 220 operacionais, auxiliados por 67 viaturas e um meio aéreo, e dado como “em estado de resolução” pelas 17h21.

Situação de alerta não será declarada "para já"

O incêndio que se reactivou na tarde desta segunda-feira em Lordelo, no concelho de Paredes, já foi dominado, pelas 18h23, e a A42 reabriu ao trânsito pelas 17h16, disse fonte da Protecção Civil à Lusa.

Segundo a mesma fonte, a A42 foi cortada às 12h56, pouco depois de uma "reactivação com grande intensidade" do incêndio, que tinha sido dado como “em fase de conclusão” pelas 19h50 de domingo. De acordo com a página da Protecção Civil na internet, no local estavam 82 operacionais e 33 meios terrestres.

Esta segunda-feira foram registadas, até às 18h30, pelo menos, 85 incêndios em Portugal Continental, disse o o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, Duarte Costa, em entrevista à SIC.

Dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas apontam que, desde o início do ano até esta segunda-feira, Portugal soma 19.124 hectares de área ardida em espaços rurais, porém quase metade (8579 hectares) dizem respeito apenas aos primeiros dias de Agosto.

Ainda assim, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, disse esta segunda-feira que "para já" não vai ser declarada a situação de alerta devido aos incêndios rurais, tendo em conta a resposta do dispositivo ao combate e as condições meteorológicas.

O IPMA prevê a partir de terça-feira uma rotação do vento para o quadrante sul, e, por conseguinte, uma descida gradual dos valores de temperatura, que deverá ocorrer, inicialmente, na região sul, estendendo-se ao restante território na quarta e quinta-feira. Os avisos do IPMA para as elevadas temperaturas prevalecem até quinta-feira, com excepção do distrito de Faro.