Na China, há roupas refrescantes para ajudar os cães a aguentar o calor

Mi Jiayi comprou um colete refrescante para a cadela Mary e Jacqueline Cha veste camisolas de protecção aos três cães. Veterinários aconselham manter os animais dentro de casa.

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A China tem registado temperaturas entre os 37 e os 41 graus Reuters/NICOCO CHAN

À medida que as temperaturas sobem, quem tem animais de companhia procura novas formas de os proteger do calor. Na China, entre as soluções está a compra de tapetes refrescantes, roupas e chapéus em miniatura para cães e gatos.

Mi Jiayi, que é relações públicas em Xangai, gastou mais de 63 euros num colete refrescante para Mary, a pequena cadela rafeira que adoptou. Para o utilizar, mergulha-o em água e depois torce-o. "Quando saímos, se a temperatura for superior a 30 graus, visto este colete refrescante à minha cadela", explica a mulher de 31 anos. "A água vai evaporar e fazer desaparecer o calor e assim não está tão quente para ela. Há opções mais baratas, mas quero comprar-lhe o melhor produto que possa pagar", completa.

As pesquisas nos sites de compras online JD.com e Taobao do Alibaba mostram centenas de produtos semelhantes de protecção solar e térmica para cães e gatos que custam até quase 100 euros.

A par disto, o mercado de produtos para animais de companhia na China — desde cuidados de saúde e brinquedos a camas e vestuário — valia 4,68 mil milhões de euros em 2022, de acordo com dados da analista de mercado Euromonitor International. Segundo a mesma fonte, é espectável que cresça para quase seis mil milhões de euros este ano.

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Coletes refrescantes são um dos produtos mais comuns na China para os cães suportarem o calor Nicoco Chan/Reuters

Jacqueline Cha, que também vive em Xangai com os três cães e é proprietária de uma empresa de cuidados para animais de companhia, conta que este foi o primeiro Verão em que sentiu necessidade de comprar camisolas de protecção para os cães. Além disto, teve de mudar a hora em que os ia passear para evitar as elevadas temperaturas diárias.

A China registou vários recordes de dias quentes em Junho e Julho, com as temperaturas na húmida cidade de Xangai a ultrapassarem os 37 graus Celsius e em Pequim a superarem os 41 graus. "Este Verão tem sido excepcionalmente quente e tenho mudado as camisolas de protecção solar dos meus cães de dois em dois ou de três em três dias", aponta Jacqueline.

Grace Lin, fundadora e directora veterinária do hospital Advanced Vet Care, em Xangai, diz que as preocupações em proteger os animais do calor são importantes numa altura em que a taxa de mortalidade em cães diagnosticados com insolação grave varia entre 50% e 56%. No entanto, reforça, o melhor tratamento não é nenhum produto, mas antes uma mera prevenção: manter os animais dentro de casa nos dias de maior calor.

Esta preocupação com o bem-estar dos animais de companhia tornou-se comum em muitas famílias chinesas que optaram por adoptar cães e gatos em vez de terem filhos e os consideram membros do agregado familiar. Segundo um relatório do ano passado das empresas Euromonitor e Asia Pet Alliance Institute, as estimativas apontavam para que a população chinesa de cães e gatos atingisse os 190 milhões em 2023, face aos cerca de 170 milhões registados em 2018.