Estamos na Broadway. É a noite de estreia de um novo espectáculo, que tem como protagonista uma estrela de Hollywood a tentar ganhar credibilidade após ter protagonizado vários filmes de super-heróis. O actor cai em palco. Este acontecimento, que já fora mostrado no final da leva de episódios anterior, é o mote para a terceira temporada de Homicídios ao Domicílio, feita de dez episódios, oito dos quais foram mostrados à imprensa.

A série da plataforma Hulu sobre um podcast que investiga homicídios que acontecem no Arconia, um imponente (e fictício) edifício de apartamentos no Upper West Side de Nova Iorque está de volta esta terça-feira, no Disney+. Com ela, regressa também o trio de protagonistas que parecem atrair esse tipo de acontecimentos trágicos: Steve Martin, que é também co-criador, Martin Short e a estrela Disney e estrela pop Selena Gomez.

Esta temporada, que sai ainda mais do prédio onde tudo se passa do que a anterior, tem Paul Rudd, que faz do tal actor vitimado na Broadway, Ben Glenroy. Mas não é a única grande estrela que se junta ao elenco da série cómica de mistério, nem a maior.

Meryl Streep, que claramente tinha mais tempo do que o actor de Homem-Formiga para participar na série iniciada em 2021, faz de uma das actrizes da peça. Streep, que nos últimos dez anos fez mais televisão do que nas décadas de 1970, 1980 e 1990 juntas, é Loretta Durkin, uma actriz extremamente talentosa a quem uma grande carreira passou ao lado e está a ter aqui a sua grande oportunidade.

São nomes grandes, de peso, numa série que já teve, por exemplo, Sting e Amy Schumer, como eles próprios, ou Shirley MacLaine, Cara Delevigne e Amy Ryan, como personagens. Além de Streep e Rudd, Ashley Park e Jesse Williams também são actores convidados.

Juntam-se à química que existe entre Martin e Short, dois dos actores mais hilariantes de Hollywood dos últimos 40 anos e parceiros cómicos desde que se conheceram em 1985, na rodagem de Três Amigos, de John Landis. Fazem, respectivamente, do actor Charles Haden-Savage — que protagonizou uma série de detectives de sucesso nos anos 1990, mas nunca mais voltou a ter fama — e do encenador teatral Oliver Putnam, que está à frente do espectáculo na Broadway (Savage faz parte do elenco).

Já Selena Gomez é Mabel Mora, uma jovem artista que vive no apartamento da tia no edifício Arconia e é a ligação desses dois homens mais velhos ao mundo contemporâneo da tecnologia e da Internet. A dinâmica entre os actores evita que esse choque geracional acabe por cansar.

O mistério vai sendo investigado enquanto conhecemos mais da vida dos três protagonistas. Desta feita, Mabel está com problemas em manter a casa, enquanto todos tentam escapar à solidão das suas vidas, especialmente os dois que estão na terceira idade. A mecânica mantém-se a mesma e o podcast continua a servir para comentar a obsessão vigente por conteúdos acerca de crimes reais: as caras dos possíveis homicidas estão num quadro de cortiça e as reviravoltas continuam a acontecer a toda a hora. Afinal, há sempre novos suspeitos e provas aparentemente inequívocas sobre eles a aparecer a cada episódio. A parte do teatro serve para explorar ainda mais a componente de sátira do mundo do espectáculo, presente em várias das piadas e referências que saem da boca da personagem de Martin Short. E a fórmula continua a funcionar.