Diana Taurasi chega aos 10.000 pontos, marco histórico na WNBA

Base das Phoenix Mercury marcou 42 pontos no triunfo sobre as Atlanta Dream e tornou ainda mais lendária a carreira no basquetebol norte-americano.

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Diana Taurasi a fazer história, aos 41 anos DR
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Não há um modelo único para terminar uma carreira. Há quem se contente com um papel secundário, há quem não queira chegar a esse momento e se retire antes disso. E depois há os eternos, aqueles que, após 20 anos a forçar o corpo e a mente, parece que ainda estão a começar. É desta “espécie” que faz parte Diana Taurasi, basquetebolista norte-americana de 41 anos das Phoenix Mercury, equipa da Liga Feminina de Basquetebol profissional (WNBA). Ela já era a melhor marcadora de sempre da Liga, e, a partir de agora, é a única com mais de dez mil pontos marcados.

Foi na madrugada desta sexta-feira que aconteceu. Não um recorde, mas um número redondo. Num jogo das Mercury frente às Atlanta Dream, a contar para a época regular da WNBA, com 8m23s para jogar no terceiro período, Taurasi recebeu a bola para lá da linha dos três pontos e de imediato a lançou ao cesto. Um lançamento especial e celebrado com pompa e circunstância num jogo em que a própria base parecia estar especialmente motivada, como se percebe pelos seus números finais: 12 lançamentos convertidos em 21 tentados de dois pontos, seis em 13 nos triplos e acerto total da linha de lance livre, para um total de 42 pontos, quando só precisava de 18 para chegar aos cinco dígitos.

Noite de sonho

Foi a sua melhor noite desde 2010 e a melhor noite para uma mulher de 40 anos na WNBA. E foi uma noite em que o Footprint Center, em Phoenix, a contar com o feito de Taurasi, resolveu dar uma experiência adicional aos adeptos: estiveram na arena cabras bebés para entreter o público no intervalo. Cabra, em inglês, diz-se “GOAT”, que, por sua vez, é acrónimo para “Greatest Of All Time”. Taurasi tem feito por ser a “GOAT” do basquetebol feminino e a noite dos dez mil pontos é só mais uma linha num longo e distinto currículo.

A californiana chegou à WNBA em 2004, eleita pelas Mercury na primeira posição do draft, depois de uma carreira universitária brilhante na universidade de Connecticut, onde fez dupla com outra lenda do basquetebol, Sue Bird. Pouco depois do “draft”, passaria a integrar a selecção norte-americana nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, e acabaria a conquistar a sua primeira medalha de ouro olímpica — seguiram-se mais quatro nos quatro Jogos seguintes, Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020.

Desde o início que mostrou o que era, uma “shooting guard” (base atiradora) com grande apetência para marcar pontos — logo na sua época de “rookie”, não desiludiu, teve uma média de 17 pontos por jogo e foram poucas as temporadas em que baixou destes números. Na presente época, a sua 19.ª ao mais alto nível, está com uma média de 17,4.

Foi a jogar assim que coleccionou títulos e recordes: três vezes campeã da WNBA, sempre com as Mercury; 10 eleições para o “All-Star”; duas vezes MVP das finais; dez vezes eleita para o melhor “cinco”. Fora da WNBA, quando fazia parte da temporada longe dos EUA, andou pela Rússia e pela Turquia, onde também foi uma supercampeã. E pela selecção norte-americana, para além dos cinco títulos olímpicos, também foi três vezes campeã mundial (2010, 2014 e 2018).

“A beleza na dificuldade”

Como a própria contou numa entrevista ao jornal The New York Times, em 2020, a ideia assustadora de deixar o basquetebol é o que a motiva para continuar na plena posse dos seus poderes. “Sempre que eu imagino a minha vida sem basquetebol, fico assustada, e dou sempre um pouco mais. Tento aproveitar todos os momentos, ainda encontro a beleza na dificuldade que é jogar todos os dias”, comentou.

Após o jogo em que bateu o recorde, Taurasi, a quem Kobe Bryant chamava a “White Mamba” porque via nela o mesmo fogo competitivo, admitia que o basquetebol ainda tem um poder de atracção ao qual não consegue resistir. “Obsessão, vício, tudo aquilo que tentamos evitar. São as coisas que me mantêm presa ao basquetebol. Adoro preparar-me para um jogo, adoro jogar, adoro competir. É tudo isto que me faz voltar”, confessou.

Uma obsessão que, acrescenta, leva para todo o lado, até para casa. “É muito trabalho, são muitos anos, muitas horas no ginásio. E eu não deixo o basquetebol no ginásio, levo-o para casa, penso em basquetebol a toda a hora, vou para a cama a pensar em basquetebol. Desde que era miúda que é assim. Continua a ser assim. Amanhã vai continuar a ser assim”, reforçou a base, que é actualmente casada com uma antiga jogadora de basquetebol, a australiana Penny Taylor.

A jogar assim, ninguém lhe consegue adivinhar um final de carreira. Há poucos meses, assinou um novo contrato com as Mercury para ficar em Phoenix, pelo menos, mais duas temporadas, durante as quais (se tudo correr normalmente) a sua lenda vai crescer, ponto a ponto. E ainda irá a tempo de estar nos Jogos de Paris, que se disputam no Verão do próximo ano. “Ainda sou competitiva, ainda motivada e ainda adoro jogar. Quando estiver pronta para dizer chega, eu aviso. Quando deixar de jogar, simplesmente deixo de jogar. E vocês não me voltarão a ver.”

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