Casa do primeiro-ministro britânico alvo de protesto da Greenpeace
Activistas penduram 200 metros de tecido negro a simbolizar petróleo na fachada da casa de Rishi Sunak, em protesto contra a político de prospecção de combustíveis fósseis do Governo.
A fachada da residência privada do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, no Yorkshire, Norte de Inglaterra, foi esta quinta-feira coberta com 200 metros de pano negro num protesto da Greenpeace UK.
A organização protesta contra a política de prospecção de petróleo do Governo britânico, com um cartaz no local a perguntar: “Rishi Sunak – lucros do petróleo ou o nosso futuro?”
A posição de Sunak em questões ambientais tem sido escrutinada nos últimos meses depois de ter dito que iria ter uma “abordagem proporcionada” em relação às alterações climáticas, com um equilíbrio entre o objectivo da neutralidade carbónica e a necessidade de não aumentar os custos para os consumidores.
Isso levou a que activistas ambientais tenham aumentado as suas campanhas, em eventos desportivos, concertos de música clássica ou discursos políticos.
Em resposta, o Governo de Sunak adoptou novas leis para evitar tácticas de activistas como caminhar devagar em estradas movimentadas ou “colar-se” a edifícios ou infra-estruturas.
A organização divulgou online imagens de quatro activistas no telhado da casa de Sunak, e mais tarde, mantinham-se no telhado com um sinal dizendo “não a novo petróleo”.
O protesto é contra, especificamente, o apoio governamental a novas licenças para prospecção de petróleo e gás no mar do Norte e ainda a uma proposta de desenvolvimento do campo de petróleo e gás Rosebank, a 130 quilómetros das ilhas Shetland, da petrolífera estatal norueguesa Equinor, que está ainda dependente de uma decisão final da investidora.
“Precisamos muito que o nosso primeiro-ministro seja um líder do clima, não um incendiário do clima”, declarou a Greenpeace UK em comunicado.
Sunak tinha viajado para a Califórnia de férias no dia anterior, e a polícia informou que tinha contido a área e ninguém tinha entrado na casa. A Greenpeace disse que sabia que Sunak não estava presente e garantiu não ter causado danos com a sua acção.
Também houve um outro protesto na residência oficial do primeiro-ministro britânico, em Downing Street.
O Reino Unido estabeleceu, em 2019, a meta de 2050 para atingir a neutralidade carbónica, e começou, com rapidez, a aumentar a sua capacidade em energias renováveis.
Mas a invasão da Ucrânia pela Rússia pôs o foco na segurança energética, como Governo a comprometer-se, na segunda-feira, a dar centenas de licenças para extracção de petróleo e gás no mar do Norte como parte do esforço para maior independência energética.
Também aprovou, em Dezembro, uma nova mina de carvão de grande profundidade, a primeira das últimas décadas.
Uma sondagem divulgada na quarta-feira mostra que 67% dos eleitores eram de opinião de que o Governo estava a ter uma má gestão das questões ambientais, a pior avaliação desde meados de 2019, quando a YouGov começou a fazer perguntas sobre esta questão.
Algumas pessoas no Partido Conservador têm expressado medo sobre as consequências do retrocesso aparente de Sunak nas questões ambientais, com o ministro de Estado da Energia, do Clima e do Ambiente, Zac Goldsmith, a demitir-se acusando Sunak de “apatia” perante a ameaça das alterações climáticas.
Sunak defendeu, na quarta-feira, a sua posição, dizendo que o Reino Unido teve um melhor desempenho do que outros grandes países na diminuição das emissões de carbono. “Não pedimos desculpas por ter a abordagem certa para garantir a nossa segurança energética, usando os recursos que temos para nunca termos de depender de agressores como [Vladimir] Putin para a nossa energia”, disse uma fonte do seu gabinete esta quinta-feira.