Rússia apelida de “farsa” a reunião sobre a paz na Arábia Saudita

Moscovo denuncia a “coligação anti-russa” que se pretende formar no encontro de 30 países deste fim-de-semana para discutir o conflito na Ucrânia.

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A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova Reuters/POOL

A Rússia acusou esta quarta-feira as potências ocidentais de tentarem criar uma “coligação anti-russa” numa reunião que se realizará neste fim-de-semana na Arábia Saudita, para tentar encontrar uma solução para a guerra na Ucrânia.

“Sob o pretexto de uma conversa com aqueles que não são indiferentes, de facto, eles querem formar uma coligação anti-russa, revelando a pseudo-unidade do mundo ao rejeitar as acções da Rússia”, disse Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, acrescentando que a reunião não passa de “uma farsa”.

Zakharova sublinhou que a chamada “Fórmula Zelensky” – uma referência ao plano apresentado pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky – “não tem nada a ver com a paz”.

A porta-voz defendeu que a reunião marcada para Jeddah, na Arábia Saudita, é uma nova tentativa de Kiev de “monopolizar o direito de apresentar iniciativas de paz” e lembrou que o plano de Zelensky é inadmissível para Moscovo. “Para nós, esta história não funciona e não vai funcionar”, assegurou Zakharova.

Esta semana, o jornal norte-americano The Wall Street Journal noticiou que a Arábia Saudita acolherá representantes de 30 países num encontro no próximo fim-de-semana, incluindo não apenas potências ocidentais, mas também países com posições mais próximas das de Moscovo, como Índia ou Brasil.

A reunião, que contará com a presença do conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, pretende ser uma continuação do encontro realizado em Junho, em Copenhaga, e que também contou com a presença da Turquia e da África do Sul. Tem como objectivo aproximar posições sobre princípios comuns para a solução pacífica do conflito na Ucrânia, criando uma base para futuras negociações de paz.

A escolha da cidade saudita de Jeddah, segundo diplomatas ocidentais, visa incentivar a China a participar no encontro, já que Pequim mantém boas relações com Riad. Contudo, na passada semana, o Presidente russo, Vladimir Putin, deixou clara a posição do seu país face a um eventual cessar-fogo, durante a final da Cimeira África-Rússia, realizada em São Petersburgo.

“O Exército ucraniano está na ofensiva. Eles estão a atacar. Eles estão a lançar uma operação estratégica ofensiva em grande escala. Não podemos fazer um cessar-fogo quando estamos sob ataque”, explicou Putin.

O líder russo negou ter rejeitado as iniciativas de paz chinesa e africana, embora reconheça que a sua aplicação é, neste momento, impossível.