França inicia esta terça-feira a retirada de cidadãos franceses e da UE do Níger
A França vai iniciar esta terça-feira a retirada de cidadãos franceses e da União Europeia, depois do ataque à embaixada na capital do Níger, no domingo. A Itália anunciou também um “voo especial”.
A França iniciará esta terça-feira a retirada de cidadãos franceses e da União Europeia (UE) do Níger, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, dias após uma junta militar ter assumido o poder no país africano.
O golpe militar, apoiado pelo Exército, e consequente detenção e deposição do Presidente Mohamed Bazoum, na última semana, voltou a a alertar o Ocidente para a influência da Rússia naquele país e, sobretudo, na junta militar, chefiada pelo líder da guarda presidencial.
Antiga colónia de França, no Níger permaneceram tropas francesas durante uma década, a fim de combater a insurgência islâmica. Todavia, várias localidades deste país africano optaram pela autonomia e solicitaram a retirada das forças francesas.
No domingo, os apoiantes da junta militar queimaram bandeiras francesas e atacaram a embaixada de França em Niamey, capital do Níger, obrigando à intervenção das autoridades, que responderam com gás lacrimogéneo.
"Considerando a situação em Niamey, a violência contra a nossa embaixada e o facto de o espaço aéreo estar encerrado, e os nossos cidadãos não poderem deixar o país pelos próprios meios, a França está a preparar a retirada dos seus cidadãos e (outros) cidadãos europeus que pretendam deixar o Níger. A retirada começa hoje [terça-feira]", escreveu Catherine Colonna em comunicado.
De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, cerca de 1200 cidadãos franceses residiam no Níger em 2022.
Na noite de segunda-feira, em entrevista à BFM TV, a ministra dos Negócios Estrangeiros de França disse que os relatos dos alegados disparos de autoridades contra os manifestantes na embaixada francesa - que negou - espelham a "destabilização" promovida por alianças entre a Rússia e países africanos.
Esta terça-feira, também o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Itália ofereceu um "voo especial" para permitir o regresso dos cidadãos italianos ao país.
O Kremlin demonstrou "grande preocupação" com a situação política no Níger. Por sua vez, o fundador do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin (Prigojin na transliteração para português), referiu, na última semana, que os seus combatentes estariam disponíveis para restabelecer a ordem no país.
O Níger é o sétimo maior produtor mundial de urânio, o metal radioactivo frequentemente utilizado para energia nuclear. O golpe militar recebeu o apoio de governos africanos como Burkina Faso, Mali e Guiné-Conakry.