Faltou um palmo a Portugal

Um empate a zero contra os Estados Unidos, as bicampeãs mundiais, não chegou para que a selecção nacional feminina evitasse a eliminação do Mundial 2023.

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Andreia Jacinto no final do jogo frente aos Estados Unidos EPA/HOW HWEE YOUNG
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A estreia de Portugal num Campeonato do Mundo feminino de futebol terminou com lágrimas, mas não foi a exibição contra as todo-poderosas norte-americanas que deixará um nó na garganta das portuguesas. A selecção nacional foi superior às bicampeãs mundiais na primeira parte e, em cima do minuto 90, ficou a um palmo do apuramento – Ana Capeta acertou no poste. Porém, com o empate a zero contra os Estados Unidos (e a derrota na estreia frente aos Países Baixos), os quatro pontos no final do Grupo E não foram suficientes para evitar a eliminação.

Qualquer semelhança entre o jogo de estreia e o de despedida de Portugal no Mundial 2023 é pura coincidência. Após uma estreia amedrontada contra os Países Baixos – linhas recuadas e apenas um remate durante toda a partida -, a selecção portuguesa jogava o “tudo ou nada” frente às número 1 do ranking mundial, que, nas últimas 14 partidas na competição, apenas não tinham vencido a última, onde empataram (1-1) com os Países Baixos.

Porém, a mudança de atitude começou nas escolhas iniciais de Francisco Neto. Mesmo mudando apenas uma jogadora em relação ao jogo de estreia (entrou Kika Nazareth, saiu Fátima Pinto), Portugal ganhava criatividade e irreverência com a jogadora do Benfica em campo. Mas não só: desta vez, Ana Borges não tinha de fechar a zona central, colocando a equipa a defender com uma linha de cinco.

Assim, jogando em 4x4x2, as portuguesas pareceram surpreender as favoritas. E o segredo passava pela habitual fiabilidade das “navegadoras” a defender, mas também pela ousadia de procurar ter bola e nunca abdicar de atacar.

O resultado de tudo isto foi uma primeira parte onde, com o decorrer dos minutos, Portugal ganhava confiança e a equipa dos Estados Unidos acumulava nervos. E foi assim, que aos 16’, surgiu o primeiro sinal de que, como tinha dito o seleccionador americano, o jogo não seria “um passeio no parque” para a sua equipa: com a qualidade habitual, Kika Nazareth estendeu a passadeira a Jéssica Silva, mas a avançado portuguesa, com alguma precipitação, procurou rematar rápido, quando podia avançar mais e ficar na cara da experiente Alyssa Naeher.

Apesar de o remate ter passado ao lado da baliza, os Estados Unidos tremeram. Na meia hora que restou até ao intervalo, o duelo foi muito disputado, com poucas oportunidades, mas Portugal surpreendia ao ter mais posse de bola e, de forma assídua, surgia nas proximidades da baliza de Naeher.

Com tudo a zero no marcador em Auckland e, no outro jogo do Grupo E, os Países Baixos a golearam ao intervalo o Vietname por 5-0, portuguesas e americanas iniciaram os últimos 45 minutos com duas certezas: Portugal teria de vencer para se qualificar; os Estados Unidos não iam conseguir vencer o grupo.

Consciente dos riscos que corria, o técnico Vlatko Andonovski não mexeu no seu “onze” nos balneários, mas conseguiu mudar a atitude das suas jogadoras. Retirando a bola às portuguesas, as americanas começaram a ter o jogo sob controlo e, acima de tudo, a conseguirem afastar o perigo da sua baliza.

Todavia, sem grandes lances de perigo - Diana Gomes evitou que Alex Morgan marcasse aos 54’ -, o jogo foi-se aproximando dos últimos minutos até que, tal como tinha acontecido contra os Países Baixos, a entrada de Telma Encarnação resultou num novo fôlego para Portugal.

Com a avançada madeirense – e mais tarde Ana Capeta -, o risco das “navegadoras” aumentava. E a falta de receito quase resultou num feito histórico para o futebol feminino português: no primeiro minuto de descontos, Capeta fugiu às centrais americanas, colocou a bola fora do alcance de Alyssa Naeher, mas a bola bateu caprichosamente no poste.

Por um palmo, Portugal não conseguia pela primeira vez, em 12 jogos, marcar um golo aos Estados Unidos e, por um palmo, Portugal ficava fora do Mundial 2023.

Apesar da eliminação e das lágrimas portuguesas no final, como consolação a selecção feminina terminava a prova com quatro pontos e um golo sofrido num grupo onde estavam as finalistas do último Mundial. E uma certeza: já não precisa de ter receio de jogar olhos nos olhos com ninguém.

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