Universidade de Coimbra vai criar primeiro laboratório de ADN antigo em 2024
O futuro laboratório em Coimbra propõe-se a estudar ADN antigo para explorar a valorização dos territórios ou investigar a evolução de determinadas doenças ao longo do tempo, por exemplo.
A Universidade de Coimbra vai criar, em 2024, o primeiro laboratório do país de ADN antigo, que pretende ser uma referência nas áreas da biologia evolutiva, conservação, saúde, ambiente e arqueologia.
A nova estrutura vai dedicar-se à investigação e inovação, de forma a “promover a excelência científica, colaborativa e interdisciplinar, uma vez que vai ser uma estrutura de apoio para vários domínios de investigação”, salienta a Universidade de Coimbra em comunicado divulgado esta terça-feira.
“Com a criação deste laboratório, estaremos não só a promover a inovação dentro de portas, mas também fora, uma vez que pretendemos contribuir para a investigação que é feita dentro e fora de Portugal, nas áreas em que o ADN antigo pode ter um contributo fundamental”, sublinha o reitor, Amílcar Falcão, citado no comunicado.
“O laboratório de ADN antigo contribuirá para superar algumas das principais limitações infra-estruturais do país nesta área e contribuir para consolidar a liderança da UC na investigação e inovação”, ainda segundo aquele responsável.
O futuro laboratório propõe-se estudar a adaptação e mobilidade de populações e espécies como resposta a alterações ambientais, a utilização de ADN antigo, ambiental e forense para monitorização da biodiversidade, espécies invasoras, qualidade alimentar e preservação de recursos naturais.
Nos seus domínios vai estar também o estudo da valorização das populações e do seu território (incluindo aldeias históricas e locais arqueológicos), da incidência e evolução de doenças ao longo do tempo e a implementação e análise computacional de dados genómicos de larga escala (big data).
Uma janela directa para o passado
O laboratório vai ficar integrado numa rede global de instituições científicas especializadas em ADN antigo, genética forense, biologia evolutiva, arqueologia, linguística e museologia, explicou o vice-coordenador do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra, João Carlos Teixeira, que será o investigador principal desta nova estrutura.
O académico tem dedicado a sua carreira de investigação à genética e à evolução das espécies, em particular à espécie humana, sobretudo através da análise de amostras de ADN antigo.
João Carlos Teixeira frisa que o ADN antigo “oferece uma janela directa para o passado, permitindo o estudo da arquitectura genética de populações naturais ao longo do tempo, incluindo episódios de selecção ou migração, mas também os factores genéticos associados à domesticação, especiação ou extinção de espécies”.
“Com este novo laboratório, vem, igualmente, a ambição de estabelecer fortes parcerias também em território nacional com outras unidades de investigação dos sectores público e privado", realçou o investigador, salientando "a oportunidade única de se estabelecerem programas de ensino e treino especializado”.
O novo laboratório vai envolver diversas unidades de ensino e investigação da Universidade de Coimbra, nomeadamente o Centro de Estudos Interdisciplinares, o Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, o Departamento de Ciências da Vida, o Jardim Botânico, o Museu da Ciência e a Faculdade de Letras desta instituição.