Aprovado “imprescindível” abate de 1821 sobreiros em Sines para parque eólico da EDP

A EDP Renováveis compromete-se a cumprir um projecto “de medidas compensatórias por arborização de povoamento misto de sobreiros e medronheiros numa área de 50,07 hectares”.

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O parque eólico terá 15 torres, com aerogeradores com uma potência unitária de 4 a 6 megawatts (MW) GettyImages
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A EDP Renováveis pediu autorização ao Governo para proceder ao "abate de 1821 sobreiros que radicam numa área de 32,22 hectares", nos concelhos de Sines e Santiago do Cacém para a construção do Parque Eólico de Morgavel. E o despacho publicado esta terça-feira em Diário da República, assinado a 27 de Julho pelo ministro Ambiente e Acção Climática, Duarte Cordeiro, deu luz verde à empresa justificando este aval com a "imprescindível utilidade pública" do equipamento.

A EDP vai poder avançar com a construção Parque Eólico de Morgavel (PEM) e da linha eléctrica a 400 kV de interligação à subestação de Sines. A construção do parque implica o abate de quase dois mil sobreiros mas a empresa compromete-se a cumprir um projecto "de medidas compensatórias por arborização de povoamento misto de sobreiros e medronheiros numa área de 50,07 hectares". A empresa Parque Eólico de Moncorvo que apresentou inicialmente este projecto foi adquirida pela EDP Renováveis no final do ano passado.

Além do povoamento prometido, a EDP também prevê compensar a região com "a beneficiação de infra-estruturas já existentes na área do Perímetro Florestal de Conceição de Tavira". Em contrapartida, caem 1821 sobreiros localizados nas freguesias de Sines e Porto Covo, União de Freguesias de Santiago do Cacém, Santa Cruz e São Bartolomeu da Serra, nos concelhos de Sines e Santiago do Cacém.

De acordo com o despacho, esta será a melhor localização do empreendimento, após "a avaliação das alternativas equacionadas em sede de Avaliação de Impacte Ambiental, tendo a comissão de avaliação procedido à apreciação da conformidade ambiental do projecto de execução".

O ministro do Ambiente justifica a decisão tendo em conta "o relevante interesse público, económico e social do empreendimento, cumulativamente às obrigações inerentes ao contrato assinado entre a requerente e o Governo Português, a qual se encontra contratualmente obrigada a promover a execução de um Parque Eólico que concorra para o cumprimento pelo Estado Português dos objectivos de Quioto e do Plano Nacional de Energia".

A EDP Renováveis tem vindo a somar projectos e investimentos na frente da energia eólica. Em Maio deste ano anunciou um dos seus mais recente negócios assegurando Power Purchase Agreements virtuais (PPA) com a Inditex, multinacional dona da cadeia de lojas Zara, para o desenvolvimento de um portfólio de 54 MW (megawatts) de projectos eólicos na região da Galiza, Espanha.

No final de 2022, a Agência Internacional de Energia, a capacidade global de energia renovável deverá duplicar nos próximos cinco anos e esta pode ser a maior fonte de electricidade até 2025. No relatório anual sobre as perspectivas das energias renováveis, a AIE afirmou que a capacidade mundial deverá aumentar em 2400 gigawatts (GW) – o equivalente a toda a capacidade energética actual da China –, para 5640 GW até 2027.