Mulheres repletas de brinquedos
Mais tarde tas explicarei, quando puderes entender-me, e então ficarás sabendo quantos serviços valiosos devemos ao Estado Novo.
A Sãozinha, à janela, olhava para a estrada de acesso ao asilo. Continuava a esperar um pai que não vinha. Talvez as estradas estivessem arruinadas e ninguém conseguisse ali chegar, pensava a Sãozinha, mas depressa se corrigiu, não, não pode ser isso, pois chegam fornecedores, chegam pais e avós e tios, chegam abastadas, chegam religiosos, o livro de leituras diz que isso era dantes, “aqui nesta estrada chegaram a deixar de passar automóveis”, mas isso foi há muito tempo, as estradas foram todas consertadas pelos “homens que actualmente governam Portugal, que administram os dinheiros da Nação Portuguesa, que procuram e querem o bem da nossa querida Pátria, do nosso tão amado Portugal. Tudo isso e muito mais é obra do Estado Novo”, portanto não há motivo para o paizinho não me vir buscar. Mas havia ali um mistério, o que era isso do Estado Novo? O livro não esclarecia:
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