Feijóo quer reunir-se com Sánchez para que viabilize o seu Governo em Espanha

Líder do PP escreveu uma carta ao PSOE a pedir uma reunião para discutir as posições dos dois partidos. Com a ideia de que “a força política vencedora nas eleições legislativas é a que deve governar”.

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Feijóo diz que quer encontrar uma forma de evitar um “bloqueio” e a “ingovernabilidade” pós-eleitoral no país. SUSANA VERA/Reuters

O presidente do Partido Popular espanhol, Alberto Núñez Feijóo, escreveu uma carta ao presidente do Governo, Pedro Sánchez, a pedir uma reunião para esta semana, de modo a encontrar uma forma de evitar um “bloqueio” e a “ingovernabilidade” pós-eleitoral no país.

A carta de Feijóo vem na sequência de um pedido do Partido Socialista (PSOE) de revisão de mais de 30 mil votos nulos em Madrid, depois da pequena margem que separou PSOE e PP na atribuição do último mandato de deputado na capital espanhola. Na sexta-feira, a contagem dos votos dos espanhóis residentes no estrangeiro acabou por dar mais um deputado aos populares em detrimento dos socialistas.

Assumindo-se na carta como vencedor das eleições (o PP conseguiu eleger 137 deputados, contra 121 do PSOE), Feijóo diz, segundo a agência de notícias espanhola EFE, que "a complexidade que possa surgir dos resultados eleitorais não deve agravar" as incertezas, nem "minar a confiança dos cidadãos na capacidade do sistema político e constitucional para assegurar a melhor governação no interesse de Espanha".

O líder do PP propõe, por isso, uma reunião que permita aos dois lados apresentar as suas posições, "na responsabilidade que acompanha o candidato da força política vencedora, com o objectivo de estabelecer um diálogo responsável, em benefício da estabilidade política e institucional de Espanha".

Escrita na primeira pessoa, Feijóo reitera na missiva que a força política que obteve mais lugares no Congresso é que deve governar.

"Como sabem, um factor contínuo de governabilidade e de normalidade no nosso país, ao longo da sua história democrática, tem sido o reconhecimento de que a força política vencedora nas eleições legislativas é a que deve governar, perante possíveis combinações negativas que polarizam a sociedade, prejudicam gravemente a coesão territorial e levam ao limite o nosso sistema constitucional", lembrou.

O deputado perdido pelos socialistas em Madrid torna as contas mais difíceis para o actual chefe de Governo se manter no poder, já que o PP com o Vox, o partido da extrema-direita que ficou em terceiro lugar nas eleições de 23 de Julho, somam agora 172 deputados, mais do que os 171 da coligação com que Sánchez estava a contar.

Com este desenho, o “sim” dos seis deputados do Junts per Catalunya, o partido do exilado político catalão Carles Puigdemont, passa a ser imprescindível; já não basta a simples abstenção. O Junts votou contra a investidura de Sánchez na última legislatura, em que Sánchez beneficiou do apoio de vários partidos independentistas.

"Espanha não merece uma situação de ingovernabilidade”, defende Feijóo, “nem pode permitir-se um bloqueio num momento tão importante para a economia e para as instituições espanholas, em plena presidência espanhola do Conselho da União Europeia".

"Por esta razão, como candidato com maior apoio da opinião pública, com vontade de continuar os precedentes da alternância política, gostaria de me reunir convosco durante esta semana para debater os temas que expus, conhecer as vossas posições e poder detalhar as minhas, na responsabilidade que acompanha o candidato da força política vencedora", conclui o líder do PP.